Conteúdo verificado
domingo, 13 de abril de 2025 às 10:13 GMT+0

Comércio global em crise: Uma chance do Brasil brilhar como protagonista?

O que parecia uma simples disputa comercial entre Estados Unidos e China evoluiu para uma ofensiva mais ampla contra a ordem global estabelecida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A nova escalada tarifária, impulsionada por decisões unilaterais do governo norte-americano, representa uma tentativa de reconfiguração forçada das regras do comércio internacional. Essa transformação abre brechas significativas para que países com potencial estratégico, como o Brasil, assumam papéis mais relevantes no cenário global.

Estados Unidos abandonam previsibilidade e mergulham na instabilidade

  • Sob a liderança de Donald Trump, os Estados Unidos transformaram tarifas alfandegárias em instrumentos de chantagem política, elevando tributos sobre produtos chineses a patamares de até 145%. A justificativa usada, como o combate ao fentanil, revela-se apenas uma cortina de fumaça para ações com efeitos globais.

  • As consequências foram imediatas: quedas sucessivas nos principais índices de Wall Street (Nasdaq, Dow Jones e S&P 500), crescente desconfiança dos investidores e reações negativas em diversos setores econômicos. O próprio Trump admitiu que a transição teria "efeitos colaterais", mas se recusa a assumir responsabilidade pela instabilidade que provocou.

China responde com firmeza e foco diplomático

  • A resposta da China, apesar das perdas iniciais, foi estratégica. Além de estabelecer tarifas retaliatórias entre 84% e 125% para produtos americanos, o país reforçou laços diplomáticos, especialmente com a Índia e países europeus. A diplomacia chinesa sinaliza estabilidade e oferece uma "abertura de alto nível" a novos parceiros comerciais, fortalecendo o BRICS Plus e reposicionando a Ásia como protagonista na governança global.

Europa se divide, perde coesão e espaço

  • A União Europeia mostra fragilidade. Enquanto países como Alemanha, Espanha e Itália pressionam por pragmatismo e acordos com a China, Bruxelas reage de forma inconsistente. A suspensão de contramedidas às tarifas norte-americanas ilustra essa desorientação. Com isso, o bloco perde competitividade, como mostra o caso das exportações espanholas de azeite que cederam espaço ao Marrocos no mercado dos EUA.

Oportunidade para o Brasil: De exportador a formulador de normas

  • Nesse cenário de ruptura e rearranjo, o Brasil não pode mais operar apenas como fornecedor de matérias-primas. O país tem posição privilegiada: mantém diálogos abertos com China, Estados Unidos e União Europeia, é parte dos BRICS, possui peso regional e uma estrutura produtiva sólida. No entanto, para se destacar, precisa mais do que boas relações: deve liderar a formulação de normas técnicas, a regulação da inteligência artificial, a definição de padrões digitais e a governança energética e monetária do século XXI.

Neutralidade passiva não é mais uma opção

  • A retórica de equilíbrio entre potências não é mais suficiente. O mundo atual não se divide entre ideologias, mas entre quem dita as regras e quem apenas reage a elas. Permanecer como mero espectador é, na prática, abrir mão de influência. O Brasil precisa de uma agenda propositiva, baseada em soberania tecnológica, autonomia regulatória e investimentos em infraestrutura e energia.

Multipolaridade como missão estratégica

  • A multipolaridade deixou de ser um conceito para se tornar uma disputa concreta. Liderar uma coalizão por comércio justo, financiamento sustentável e governança multipolar é a única forma do Brasil evitar irrelevância internacional. Essa coalizão deve se distanciar da lógica de dominação do século XX e promover um novo modelo de relações internacionais.

A guerra tarifária em curso entre Estados Unidos e China redefine as bases do comércio global e expõe a fragilidade das antigas potências em manter a credibilidade internacional. A China se mostra firme e estratégica, enquanto os Estados Unidos enfrentam uma crise de confiança. A Europa se vê dividida e vulnerável. No meio desse cenário caótico, o Brasil tem diante de si uma oportunidade histórica: assumir liderança regional e global, abandonar a neutralidade passiva e se posicionar como protagonista na construção de uma nova ordem internacional mais justa, estável e multipolar.

Se quiser ser ouvido, o Brasil terá que falar alto — e com coerência.

Estão lendo agora

O que aconteceu com o "mIRC"? O "Dinossauro" das salas de bate-papo online - ConfiraO mIRC, um dos primeiros programas a permitir comunicação em tempo real pela internet, foi um marco nas décadas de 1990 ...
Bolsonaro pode voltar em 2026? Entenda o projeto que reduz a inelegibilidade para 2 anosO deputado Bibo Nunes (PL-RS) propôs um projeto de lei que pode encurtar o tempo de inelegibilidade de políticos condena...
7 filmes de ação imperdíveis de 2025: Sequências, novas aventuras e grandes estrelas!Em 2025, os fãs de ação podem esperar uma grande variedade de lançamentos, com filmes que vão desde comédias eletrizante...
Jogos Olímpicos Paris 2024: Competições de Futebol e Rugby masculino começam hoje, antes da abertura oficial: Confira os detalhes e horáriosAs Olimpíadas de Paris 2024 têm sua cerimônia de abertura marcada para sexta-feira, 26 de julho. No entanto, as competiç...
Max Verstappen vence GP do Japão 2025: Domínio absoluto na Fórmula 1 e a busca pelo pentacampeonatoMax Verstappen, tetracampeão mundial da Fórmula 1, mostrou mais uma vez por que é considerado um dos maiores pilotos da ...
Solidão ou solitude? Entendendo a "solidão positiva" e quebrando o estigma de que ficar sozinho é estar solitário de forma negativaNos últimos anos, especialistas têm alertado sobre o aumento do tempo que as pessoas passam sozinhas, associando-o a uma...
Estilo Mario Kart: 6 jogos de corrida para PlayStation, Xbox e PC- ConfiraJogos de corrida sempre foram uma escolha popular para momentos de diversão, oferecendo uma mistura de competição e adre...
Irã e Israel à beira de uma guerra total: Por que Teerã está disposta a correr esse risco?O recente disparo de cerca de 180 mísseis balísticos pelo Irã contra Israel marca uma escalada dramática no conflito no ...
10 anos de sucesso do Spotify no Brasil: Sertanejo dominando as paradas - ConfiraDesde o seu lançamento há uma década, o Spotify tem sido um fenômeno no Brasil, com mais de 770 bilhões de streams regis...
Robô gigante é a nova aposta da tecnologia: Veja como funcionaA startup Tsubame Industries, localizada em Tóquio, Japão, está prestes a revolucionar o mundo da tecnologia com seu inc...
Verdades e mentiras: As fake news que amplificaram a tragédia do terremoto de Tóquio há 100 anosHá um século, Tóquio foi abalada por um terremoto devastador de magnitude 7.9 na escala Richter, desencadeando uma série...