"Pegar friagem" realmente causa doenças? Infectologista desvenda mitos, riscos do frio e como se proteger

A crença de que "pegar friagem" causa doenças é comum e passada por gerações, mas será que há verdade nisso? A infectologista Rebecca Saad, do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (Cejam), explica à CNN que o frio em si não é o vilão direto, mas sim as condições associadas a ele. Este resumo detalha os riscos reais da exposição ao frio, os grupos vulneráveis e as melhores formas de proteção, baseando-se em fontes confiáveis e especialistas.
Por que as doenças respiratórias aumentam no frio?
O outono e o inverno trazem mais casos de gripes, resfriados e Covid-19, mas isso não se deve diretamente à temperatura baixa. A principal razão é o comportamento humano nesses períodos:
- Ambientes fechados: As pessoas tendem a ficar em locais pouco ventilados, como transportes públicos ou casas, facilitando a transmissão de vírus.
- Agrupamento social: A proximidade entre indivíduos em espaços fechados aumenta o contágio.
Efeitos indiretos do frio no corpo:
O frio pode provocar reações fisiológicas que predispõem a infecções:
- Vasoconstrição nasal: Ocorre a contração dos vasos sanguíneos nas mucosas, levando a coriza e congestão, o que facilita a entrada de microrganismos.
- Processos inflamatórios: Alergias respiratórias podem piorar, criando um ambiente propício para infecções secundárias.
Riscos graves para grupos específicos:
Algumas pessoas sofrem mais com o frio, podendo desenvolver complicações sérias:
- Hipertensos: O frio intensifica a vasoconstrição, elevando a pressão arterial e risco de descompensação cardíaca.
- Idosos e doentes crônicos: Asmáticos, bronquíticos e cardiopatas têm maior chance de piora clínica.
- Hipotermia: Exposição prolongada a temperaturas muito baixas (abaixo de 35°C) pode causar confusão mental, arritmias e até morte.
Como se proteger de forma eficaz?
A infectologista Rebecca Saad recomenda:
- Ventilar ambientes: Manter janelas abertas para circulação de ar, mesmo em dias frios.
- Usar acessórios: Cachecóis, gorros e luvas protegem contra a perda de calor em áreas expostas.
- Alimentação adequada: Consumir bebidas e alimentos quentes, como chás e sopas, ajuda a manter a temperatura corporal.
- Vacinação em dia: Imunizar-se contra influenza e Covid-19 reduz o risco de infecções graves.
Embora o frio não seja a causa direta de doenças, ele cria condições que favorecem infecções e agravam problemas de saúde, especialmente em grupos vulneráveis. A chave para prevenção está no comportamento: evitar aglomerações em espaços fechados, proteger-se com roupas adequadas e manter hábitos saudáveis. Assim, a velha recomendação das mães ganha um novo sentido: não é o frio que adoece, mas sim a forma como nos expomos a ele.