Saúde mental na adolescência: Sinais de alerta, como ajudar e quando buscar apoio profissional

A adolescência é um período marcado por transformações físicas, emocionais e sociais, que podem desencadear desafios significativos para a saúde mental. Dados do sistema público de saúde do Reino Unido revelam que uma em cada cinco crianças e jovens entre 8 e 25 anos apresenta um provável transtorno mental. A história de Lucy, uma jovem de 15 anos que enfrentou ataques de pânico e ansiedade, ilustra a importância de reconhecer esses problemas e buscar ajuda adequada. Este resumo explora as causas, os sinais de alerta e as estratégias para apoiar os adolescentes, baseando-se em especialistas como Andrea Danese, psiquiatra do King's College London, e Sandi Mann, psicóloga infantil.
Por que os problemas de saúde mental são comuns na adolescência?
1.
Desenvolvimento cerebral desigual: A parte do cérebro que processa emoções amadurece antes da área responsável pelo autocontrole, levando a reações intensas e dificuldade de regulação emocional.
2.
Fatores biológicos: Hormônios e alterações no relógio biológico afetam o sono e o humor, exacerbando instabilidade emocional.
3.
Pressões externas: Estresse acadêmico, dinâmicas sociais e a busca por identidade contribuem para ansiedade e mau humor.
Diferenciando desafios normais de problemas sérios
Andrea Danese destaca comportamentos considerados normais na adolescência:
- Irritabilidade ocasional e desejo de privacidade
- Ansiedade leve sobre desempenho ou aceitação social
- Experimentação de identidade e independência
No entanto, quando esses traços interferem significativamente na vida diária (como evitar escola ou socialização), é hora de buscar ajuda.
Estratégias para pais: Construindo resiliência
- Comunicação aberta: Incentivar diálogo sem julgamentos e validar sentimentos, como sugere Stevie Goulding, da Young Minds.
- Rotinas saudáveis: Priorizar sono, alimentação balanceada e atividade física.
- Técnicas de enfrentamento: Exercícios de respiração, mindfulness e "momentos de preocupação" diários para gerenciar ansiedade.
- Evitar soluções imediatistas: Sandi Mann enfatiza a importância de permitir que os adolescentes resolvam problemas por si mesmos, desenvolvendo resiliência.
Sinais de que ajuda profissional é necessária
Especialistas listam comportamentos que exigem intervenção:
- Automutilação ou pensamentos suicidas
- Mudanças drásticas em sono, alimentação ou personalidade
- Isolamento prolongado e perda de interesse em atividades prazerosas
- Dificuldade extrema em cumprir rotinas (como ir à escola)
Caminhos para buscar apoio
- Rede pública: No Brasil, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) oferece atendimento gratuito. Escolas e instituições de caridade também podem fornecer suporte.
- Terapia profissional: Opções como terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajudou Lucy, são eficazes.
- Envolvimento dos pais: Elaine Lockhart, do Royal College of Psychiatrists, ressalta que o ambiente familiar é crucial para a recuperação.
Reconhecer e abordar questões de saúde mental na adolescência exige equilíbrio entre apoio parental e intervenção profissional. Enquanto desafios emocionais são parte do crescimento, sinais persistentes ou graves não devem ser ignorados. Com comunicação, resiliência e acesso a recursos adequados, é possível ajudar os jovens a navegar essa fase complexa e promover bem-estar duradouro. Como destacam os especialistas, a saúde mental é tão vital quanto a física – e cuidar dela é um ato de amor e responsabilidade.