Brics na Mira: Trump recarrega as tarifas e desafia economias emergentes – Estamos perto de uma crise?

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu tensões diplomáticas e comerciais ao anunciar uma nova ofensiva tarifária contra países que apoiem as políticas dos Brics. A ameaça de uma tarifa extra sobre nações alinhadas ao bloco ocorre em meio a crescentes críticas internacionais à postura econômica americana e ao fortalecimento da cooperação entre economias emergentes. A medida pode gerar impactos significativos na economia global, intensificando disputas comerciais, fragilizando acordos internacionais e aprofundando divisões políticas.
Importância do anúncio de Trump
Nova escalada nas disputas comerciais internacionais
- Trump afirmou, sem meias-palavras, que “qualquer país que se aliar às políticas antiamericanas dos Brics será cobrado com uma tarifa adicional de 10%”. Essa declaração eleva o tom das tensões econômicas e representa um retorno à política de confrontos tarifários, usada amplamente durante seu primeiro mandato.
Prazos definidos e incerteza jurídica
- Embora o governo tenha dado um prazo inicial até 9 de julho para negociações bilaterais, foi confirmado posteriormente que as tarifas passam a valer em 1º de agosto. O anúncio foi feito após uma série de idas e vindas envolvendo a Casa Branca, com mensagens contraditórias vindas do secretário de Comércio, Howard Lutnick, e do secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Países afetados e acordos comerciais limitados
- Até o momento, os EUA fecharam acordos apenas com o Reino Unido e o Vietnã. Todos os outros países – inclusive aliados históricos dos EUA – que se aproximarem das políticas do Brics podem ser afetados. Isso inclui não só Brasil, China, Rússia e Índia, mas também membros mais recentes como Egito, Irã, Arábia Saudita e Etiópia.
Relevância geopolítica do bloco dos Brics
Força demográfica e econômica
- Os Brics representam mais de metade da população mundial e vêm defendendo mudanças em instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), além de sugerirem a criação de uma moeda alternativa ao dólar.
Cúpula recente no Brasil
- Na cúpula de 2025 realizada no Rio de Janeiro, os líderes do bloco reforçaram seu compromisso com reformas globais, criticaram a postura dos EUA e repudiaram os ataques militares americanos e israelenses ao Irã em junho, considerados uma violação do direito internacional.
Presenças e ausências relevantes
- Participaram do encontro líderes como Narendra Modi (Índia) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), além de Li Qiang representando a China. Vladimir Putin, impedido de viajar por causa de um mandado internacional, participou remotamente. A ausência de Xi Jinping reforça tensões internas no bloco, mas não o fragiliza politicamente.
Consequências e desafios para os países envolvidos
Risco para cadeias produtivas
- Segundo Andrew Wilson, da Câmara Internacional do Comércio, "afastar-se da China" é altamente desafiador, especialmente em setores dominados por ela como veículos elétricos, baterias e minerais estratégicos. Isso evidencia que mesmo países dispostos a atender à pressão americana enfrentarão grandes dificuldades práticas.
Pressão sobre o Brasil e outros países emergentes
- O Brasil, como membro dos Brics e com forte dependência de exportações para a China e os EUA, está numa posição delicada. Qualquer alinhamento explícito poderá gerar prejuízos econômicos consideráveis, tanto com perdas de mercado quanto com retaliações comerciais.
Instabilidade global
- A declaração conjunta dos ministros das Finanças dos Brics acusou as tarifas americanas de trazer “incerteza às atividades econômicas e comerciais internacionais”, indicando um alerta à comunidade global sobre os efeitos desestabilizadores dessa nova política americana.
O que pode vir a seguir?
- A nova ameaça tarifária de Donald Trump aos países alinhados aos Brics marca uma virada crítica nas relações comerciais globais. O endurecimento da postura americana tenta conter o avanço de uma nova ordem geoeconômica representada pelos Brics, mas pode provocar o efeito inverso: aumentar o isolamento dos EUA em determinadas frentes e acelerar o processo de diversificação global de moedas e mercados.
- Essa medida ainda está cercada de incertezas jurídicas, políticas e logísticas, especialmente diante das divergências internas no próprio governo americano sobre prazos e aplicação prática. O cenário exige cautela dos países afetados, que precisarão equilibrar seus interesses econômicos imediatos com as pressões diplomáticas crescentes.
Ao invés de estabilizar o comércio global, as ações de Trump tendem a reforçar a fragmentação geopolítica, com um possível fortalecimento ainda maior da aliança entre os Brics e seus aliados. O mundo, mais uma vez, se vê diante de um confronto entre velhas potências e novas coalizões que buscam reconfigurar a balança do poder internacional.