Dólar a R$ 5,58: Conversa Trump e Xi agita mercados e Bolsa recua com bancos. O que vem por aí?

Nesta quinta-feira, 5 de junho de 2025, os mercados financeiros globais reagiram a uma série de fatores, principalmente ligados à economia dos Estados Unidos e às tensões comerciais entre Washington e Pequim. Um telefonema entre o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, gerou expectativa nos investidores, em meio a dados fracos da economia norte-americana e novas movimentações geopolíticas. Como resultado, o dólar à vista recuou 1,03%, sendo negociado a R$ 5,5871
, enquanto o Ibovespa caiu 0,56%, fechando aos 136.236,37 pontos, com forte impacto negativo de bancos e da empresa Hapvida.
Importâncias e relevâncias no cenário externo
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Dólar em queda global: A desvalorização do dólar não foi exclusiva ao Brasil. No mercado internacional, o índice DXY, que compara a moeda americana a outras seis divisas importantes, também caiu 0,15%, refletindo a percepção de que os EUA estão sendo mais prejudicados pela guerra comercial iniciada por Trump do que seus parceiros.
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Dados econômicos fracos nos EUA: O relatório da ADP revelou criação de empregos muito abaixo das expectativas em maio. Além disso, o setor de serviços sofreu contração, segundo o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM). Esses dados reforçam a ideia de desaceleração da maior economia do mundo, o que enfraquece o dólar e aumenta a atratividade de moedas de países emergentes.
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Pedidos de auxílio-desemprego: Os pedidos subiram para 247 mil, acima da projeção de 235 mil, sinalizando um enfraquecimento do mercado de trabalho norte-americano. Isso elevou o temor de que a política tarifária dos EUA, como as tarifas anunciadas no chamado "Dia da Libertação", esteja gerando mais prejuízos internos do que benefícios estratégicos.
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Política do Banco Central Europeu (BCE): O BCE cortou sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, reduzindo-a para 2,0%. Essa decisão adicionou mais pressão sobre o dólar, favorecendo moedas de mercados emergentes.
Impacto e preocupações no Brasil
Apesar do momento favorável para o real no cenário internacional, os efeitos positivos foram limitados por fatores internos. Entre os principais:
- Riscos fiscais: O mercado brasileiro segue preocupado com a condução da política fiscal. O decreto que aumentou as alíquotas do IOF gerou tensão, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu apresentar alternativas ao Congresso no domingo.
- Reprovação do governo Lula: Pesquisas recentes indicam aumento na desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso gerou receios entre investidores de que o governo adote medidas populistas ou de aumento de gastos para tentar recuperar apoio popular. Tais medidas, se adotadas, podem comprometer ainda mais as contas públicas e gerar instabilidade.
- Mercado acionário pressionado: A bolsa brasileira foi impactada negativamente, especialmente pelo desempenho ruim de bancos e da Hapvida, o que refletiu diretamente no índice Ibovespa.
O que esperar?
- O dia foi marcado por uma conjunção de fatores externos e internos que influenciaram diretamente o mercado cambial e a bolsa brasileira. A queda do dólar reflete, sobretudo, o enfraquecimento da economia norte-americana diante de uma política comercial agressiva, cujos efeitos negativos estão começando a pesar sobre os próprios Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o Brasil vive um cenário interno de incerteza fiscal e instabilidade política que limita os benefícios externos.
Para os investidores, o momento exige atenção redobrada: o comportamento do dólar continuará sendo influenciado por dados econômicos dos EUA, especialmente o aguardado relatório oficial de empregos, a ser divulgado na sexta-feira. No Brasil, as ações do governo em relação ao orçamento e à política fiscal seguirão no centro das análises, especialmente diante de um ambiente político cada vez mais pressionado.