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domingo, 23 de março de 2025 às 12:03 GMT+0

Etanol na gasolina: Aumento para 30% pode reduzir preços, controlar a inflação e beneficiar o meio ambiente

O governo federal brasileiro propôs aumentar a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30%, uma medida que pode impactar o preço dos combustíveis, a inflação e o mercado energético do país. A decisão, anunciada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, baseia-se em estudos técnicos e tem como objetivos principais reduzir os custos do combustível, diminuir a dependência de importações e contribuir para a sustentabilidade ambiental. Este resumo explora os detalhes dessa proposta, seus possíveis efeitos e sua relevância para a economia e o meio ambiente.

A proposta e seus objetivos

A mudança na mistura de etanol na gasolina visa alcançar três principais benefícios:

1. Redução do preço da gasolina: O governo estima uma queda de R$ 0,13 por litro, o que pode impactar positivamente o bolso do consumidor.

2. Impacto na inflação: A redução no preço do combustível pode contribuir para diminuir a pressão inflacionária, com projeções indicando uma queda de 0,12 pontos percentuais no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025.

3. Sustentabilidade ambiental: A medida pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 1,7 milhão de toneladas por ano, além de diminuir a necessidade de importação de gasolina em 760 milhões de litros anualmente.

Estudos técnicos e viabilidade

A decisão foi embasada em estudos do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), que atestam que a nova mistura não compromete o desempenho dos veículos. Embora o etanol tenha menor poder calorífico que a gasolina, o que pode reduzir ligeiramente a autonomia dos carros, não há prejuízos à mecânica. Além disso, o etanol anidro aumenta a octanagem da gasolina, melhorando sua eficiência durante a combustão.

Impactos econômicos e fiscais

A alteração na proporção de etanol na gasolina acarreta modificações no sistema tributário. Atualmente, a gasolina é sujeita a tributos federais como Cide, PIS/Pasep e Cofins, totalizando R$ 0,8925 por litro. Em contraste, o etanol anidro possui uma carga tributária inferior, de R$ 0,1309 por litro. A renúncia fiscal decorrente do aumento da mistura de etanol pode possibilitar uma redução de R$ 0,12 no preço final do litro da gasolina.

Benefícios ambientais e energéticos

O aumento da mistura de etanol na gasolina reforça a política de biocombustíveis no Brasil, iniciada com o Proálcool em 1975. Além de reduzir as emissões de carbono, a medida pode impulsionar a produção de etanol, especialmente o de milho, que vem ganhando espaço no mercado. A safra 2025/26 deve registrar um aumento na produção de etanol de milho, atingindo entre 9 e 10 milhões de metros cúbicos, impulsionada pela expansão das usinas e pela maior oferta do grão.

Dependência de importações e mercado interno

O Brasil ainda depende de importações de gasolina, embora exporte petróleo bruto. Em 2024, o país importou 2,88 bilhões de litros de gasolina, enquanto exportou 2 bilhões de litros. A nova mistura pode reduzir essa dependência, além de estimular investimentos de R$ 9 bilhões no setor de etanol, gerando empregos e fortalecendo a cadeia produtiva.

A proposta de aumentar a mistura de etanol na gasolina para 30% representa uma medida multifacetada, com potenciais benefícios econômicos, ambientais e energéticos. A redução no preço do combustível pode aliviar o custo de vida dos brasileiros e contribuir para o controle da inflação. Além disso, a medida reforça o compromisso do país com a sustentabilidade, reduzindo emissões e a dependência de importações. Embora os impactos diretos possam ser modestos, a mudança sinaliza um passo importante na direção de uma matriz energética mais limpa e eficiente, alinhada às necessidades do mercado e do meio ambiente.

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