Guerra comercial acesa: Trump ameaça tarifa de 50% na UE e afirma 'Não busco acordo'. O que isso significa para a economia global?

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na sexta-feira, 24 de maio de 2025, a intenção de impor uma tarifa fixa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de 1º de junho. A medida foi publicada em sua rede Truth Social e reforçada em pronunciamento oficial no Salão Oval, onde afirmou categoricamente:
“Não estou buscando um acordo. Já definimos o acordo — é de 50%.”
Essa decisão ocorre em um momento de estagnação nas negociações comerciais entre EUA e União Europeia. Segundo Trump, o bloco europeu estaria impondo barreiras comerciais injustas e não monetárias, como o imposto sobre valor agregado (IVA) e os impostos sobre serviços digitais (DSTs), que impactam de maneira desproporcional empresas norte-americanas, especialmente gigantes de tecnologia como Apple, Amazon, Google, Meta e Microsoft.
Importância econômica e impacto no mercado
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As declarações de Trump tiveram impacto imediato nos mercados financeiros. Os principais índices europeus caíram drasticamente: o DAX da Alemanha perdeu 2,4%, o CAC da França caiu 2,2% e o STOXX 600 recuou 1,7%. Em Londres, o FTSE desvalorizou 1%. Nos EUA, o índice Dow Jones abriu em queda de 480 pontos, ou 1,15%, refletindo a insegurança quanto aos rumos da política comercial americana.
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O déficit comercial dos EUA com a União Europeia, citado por Trump como uma das razões para a medida, chegou a
US$ 236 bilhões
no último ano, segundo o Departamento de Comércio dos EUA. Isso alimenta sua narrativa de que os EUA estariam em desvantagem nas trocas comerciais com o bloco europeu.
Reações e postura da União Europeia
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Em resposta às ameaças, líderes europeus demonstraram firmeza. Maros Sefcovic, comissário europeu para o comércio, afirmou que o acordo deve ser baseado em “respeito mútuo, e não em ameaças”. Ele reiterou que a Comissão Europeia está pronta para continuar negociando “de boa-fé” e, se necessário, “defenderá seus interesses”.
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, lembrou que o bloco já propôs uma política de “tarifa zero por zero”, mas que todas as opções seguem sobre a mesa caso não haja acordo. Como medida preventiva, a UE já apresentou um plano de retaliação que prevê tarifas sobre
US$ 108 bilhões
em produtos norte-americanos, abrangendo bens industriais e agrícolas. -
Líderes europeus reagiram com preocupação. O primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, classificou a ameaça de Trump como “extremamente decepcionante” e alertou para os riscos de desestabilização global. O ministro do Comércio francês, Laurent Saint-Martin, também criticou a retórica de Trump, afirmando que “não ajuda em nada durante um processo de negociação”.
Outros desdobramentos e postura americana
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Apesar da rigidez do discurso, Trump sinalizou a possibilidade de adiar a imposição das tarifas, caso alguma empresa demonstre interesse em construir fábricas nos EUA. Essa abertura é vista como estratégia para atrair investimentos e empregos, especialmente em ano eleitoral.
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O secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou a insatisfação com a União Europeia e disse que as propostas do bloco são inferiores às feitas por outros parceiros comerciais. Segundo ele, acordos com países como Índia e outras nações asiáticas estão “bastante avançados”, e anúncios importantes devem ser feitos nas próximas semanas.
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A retórica agressiva também foi estendida a empresas americanas. Trump voltou a pressionar a Apple a transferir sua produção para os Estados Unidos, ameaçando aplicar uma tarifa de 25% se a empresa continuar fabricando seus produtos no exterior, especialmente na Índia e China.
Relevâncias adicionais e risco global
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A ameaça de Trump não se limita a pressões bilaterais. Ela reacende o fantasma de uma nova guerra comercial em escala global, como a vivida entre EUA e China em seu mandato anterior. Naquela ocasião, os efeitos foram devastadores para o comércio internacional, aumento de preços para consumidores e retração de investimentos.
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O momento também é delicado porque a União Europeia é um dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos e qualquer escalada nas tarifas pode ter impacto direto no crescimento global, afetando cadeias de suprimento, produção industrial, empregos e confiança de investidores.
A ameaça de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% à União Europeia intensifica a tensão comercial global, com sua estratégia visando acordos mais favoráveis aos EUA, mas gerando grande incerteza nos mercados. A reação firme da UE, com planos de retaliação, indica que o conflito pode escalar rapidamente se as negociações não forem retomadas, expondo a fragilidade das relações comerciais internacionais e o risco de uma guerra comercial que impactaria profundamente a economia global, especialmente com a decisão se aproximando em 1º de junho.