Conteúdo verificado
segunda-feira, 14 de abril de 2025 às 09:57 GMT+0

Tensão China-EUA : Pequim desafia tarifas Trump e minimiza isenção de iPhones - O que vem depois?

A tensão entre as duas maiores economias do mundo voltou a escalar depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou drasticamente as tarifas sobre produtos chineses para 145%. Mesmo com uma suspensão temporária de 90 dias em parte das tarifas globais, a medida não foi bem recebida pela China. O governo chinês exige a reversão completa do tarifaço, classificando a exceção dada a alguns produtos como um "pequeno passo" insuficiente.

Reações da China e posicionamento oficial

O Ministério do Comércio da China emitiu um comunicado no domingo, 13 de abril de 2025, pressionando os EUA a abandonar a política de "tarifas recíprocas" e retomar o que chamou de "caminho do respeito mútuo". Em resposta às tarifas norte-americanas, a China também anunciou novas tarifas retaliatórias, que chegaram a 125% sobre produtos dos EUA, em vigor desde o último sábado.

Importância do gesto dos EUA e suas limitações

  • Apesar do endurecimento, Trump anunciou isenções para alguns produtos tecnológicos como smartphones, semicondutores, computadores, cartões de memória e células solares, o que trouxe algum alívio para o mercado, especialmente para empresas como Apple, que têm produção concentrada na China.

  • Cerca de 80% dos iPhones vendidos nos EUA são fabricados na China, segundo a consultoria Counterpoint, e uma tarifa de 125% sobre esses produtos impactaria diretamente os preços ao consumidor. Ao isentar o código tarifário referente aos smartphones ("8517.13.00.00"), os EUA evitaram um choque imediato no varejo, embora o secretário de Comércio, Howard Lutnick, tenha deixado claro que essas exceções podem ser temporárias.

O peso estratégico das isenções

  • Especialistas apontam que esse recuo silencioso é um sinal de enfraquecimento da postura intransigente de Trump. O editor de Economia da BBC, Faisal Islam, classificou o gesto como "um recuo significativo", revelando uma possível tentativa dos EUA de mitigar o impacto doméstico de sua própria política comercial.

  • A consultoria Capital Economics indicou que agora, quase 25% das exportações chinesas aos EUA estão livres da tarifa de 125%, o que torna a chamada "tarifa universal de 10%" cada vez mais cheia de exceções. Esse movimento mostra que, apesar da retórica agressiva, o governo americano busca brechas para aliviar tensões com parceiros estratégicos.

Repercussões globais e ausência de diálogo direto

  • Apesar da escalada, não há previsão de uma conversa direta entre Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping. O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que não há planos de reunião entre os dois líderes no curto prazo.

  • Essa ausência de diálogo aprofunda a incerteza nos mercados internacionais. As intervenções unilaterais dos EUA já provocaram fortes oscilações nas bolsas de valores, desvalorização do dólar em relação a moedas de países ricos e o aumento do receio de que o comércio global sofra retrações significativas.

Justificativas e críticas à política de Trump

  • Trump sustenta que suas tarifas visam corrigir distorções no comércio internacional e estimular a volta de empregos e fábricas ao território norte-americano. A Casa Branca diz que as tarifas são parte de uma estratégia de negociação mais ampla para obter melhores termos comerciais com a China e outros países.

  • Entretanto, críticos alegam que a abordagem tem gerado efeitos colaterais significativos, como aumento de preços para consumidores, instabilidade no mercado global e o risco de uma desaceleração econômica generalizada.

A exigência da China para que os EUA cancelem totalmente as tarifas marca mais um capítulo de uma guerra comercial que parece longe do fim. O gesto de Trump, ao isentar temporariamente itens tecnológicos, revela tanto uma tentativa de proteção interna quanto uma hesitação estratégica diante da força da economia chinesa. A falta de diálogo direto entre os líderes e as constantes mudanças tarifárias ampliam a insegurança econômica, mostrando que o embate vai além das tarifas: ele envolve disputas de poder, influência global e redefinição das cadeias produtivas. Enquanto não houver uma solução negociada, consumidores, empresas e economias ao redor do mundo continuarão reféns de uma disputa com consequências imprevisíveis.

Estão lendo agora

Comércio global em crise: Uma chance do Brasil brilhar como protagonista?O que parecia uma simples disputa comercial entre Estados Unidos e China evoluiu para uma ofensiva mais ampla contra a o...
Furacão Milton: Impactos econômicos e financeirosO furacão Milton, classificado como categoria 5, está prestes a atingir a costa da Flórida, levantando preocupações sobr...
Brasil x EUA: Como o país pode revidar as tarifas de Trump sem provocar uma guerra comercial?No dia 2 de abril de 2025, o governo de Donald Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 10% sobre todas as exportaçõe...
6x1 vs. 4x3: O impacto na economia, qualidade de vida e produtividade no trabalhoA ideia de uma semana de quatro dias de trabalho tem ganhado destaque em países como Portugal, Brasil e outras nações, p...
Empresas reclamam, mas pesquisa comprova: Bolsa Família não é vilão do mercado de trabalhoNos últimos meses, casos como o de um restaurante em São Paulo que culpou o "pessoal do Bolsa Família" pela falta de fun...
Aumento notável: Brasil registra um expressivo crescimento de 100% no número de milionários em apenas um ano, alcançando a marca de 413 mil, afirma relatórioO Global Wealth Report 2023, um estudo colaborativo entre o banco Credit Suisse e o UBS, trouxe à luz mudanças significa...
Elon Musk desafia Trump com defesa de tarifa zero EUA-Europa: O duelo que pode revolucionar a economia globalEm um momento de tensões comerciais globais, o bilionário e conselheiro do governo norte-americano Elon Musk defendeu, e...
Tarifas de Trump contra o Brasil: Como o 'tarifaço' ameaça a indústria de máquinas e equipamentos no mercado nacional e internacionalAs novas tarifas comerciais anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2 de abril de 2025, estão...
Insegurança nos Mercados: Tarifas de Trump afetam dólar, Ibovespa e economia global - O que esperar agora?O mercado financeiro global tem enfrentado dias turbulentos após o anúncio de novas tarifas comerciais pelo presidente d...
EUA x China: Trump ameaça tarifas de 50% e Pequim promete lutar 'até o fim' – Entenda o impacto global nos mercados e economiaEm abril de 2025, a tensão comercial entre Estados Unidos e China atingiu um novo patamar após o presidente americano, D...
EUA aplicam tarifas que chegaram a 104% sobre a China: Como Pequim pode revidar?Em 9 de abril de 2025, entra em vigor uma nova rodada de tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos chineses,...