"Tudo é Bet hoje": CPI das apostas - Influenciadores são só a ponta do iceberg - Grandes mídias e times de futebol também lucram com bets

As plataformas de apostas online, conhecidas como "bets", tornaram-se um fenômeno massivo no Brasil, impulsionadas por estratégias de marketing que envolvem desde influenciadores digitais até grandes veículos de mídia. Virgínia Fonseca, uma das maiores influenciadoras do país com mais de 53 milhões de seguidores no Instagram, tornou-se figura central na CPI das Bets, instaurada no Senado para investigar o impacto dessas empresas no orçamento familiar e suas possíveis conexões com crimes financeiros.
Objetivos da CPI das Bets
1. A comissão busca analisar:
- Impacto econômico: Como as apostas afetam as finanças das famílias, especialmente entre jovens.
- Crimes associados: Investigação de lavagem de dinheiro e esquemas criminosos ligados a casas de apostas.
- Estratégias de marketing: O uso de influenciadores e outras plataformas para atrair apostadores, muitas vezes sem clareza sobre os riscos.
2. O Depoimento de Virgínia Fonseca
Convocada pela relatora Soraya Thronicke (Podemos-MS), Virgínia destacou-se por três aspectos:
- Contratos milionários: Parcerias com empresas como Esportes da Sorte e Blaze, com valores que chegaram a
R$ 50 milhões
(segundo a revista Piauí). - Polêmica do "cachê da desgraça alheia": Negou receber porcentagem sobre perdas de apostadores, afirmando que seu contrato previa bonificação apenas por performance de lucro.
- Defesa da legalidade: Enfatizou que sempre alertou sobre riscos, como a proibição para menores de 18 anos e a necessidade de jogar com responsabilidade.
A onipresença das apostas e a seletividade da CPI
Virgínia destacou que "tudo tem bet no Brasil hoje"
, questionando por que apenas influenciadores são alvos da CPI, enquanto:
- Emissoras de TV e programas (como Big Brother Brasil) exibem patrocínios de apostas.
- Transmissões esportivas normalizam termos como "odds" e "cassinos ao vivo".
- Times de futebol e jornais também lucram com parcerias, sem a mesma fiscalização.
Regulamentação necessária
Para um controle efetivo, é preciso:
- Transparência: Em anúncios tanto em redes sociais quanto na mídia tradicional.
- Restrições horárias: Semelhantes às aplicadas a bebidas alcoólicas.
- Limitação de patrocínios: Em eventos esportivos e programas de entretenimento, como já ocorre em outros países.
O caso de Virgínia Fonseca na CPI das Bets revela a complexidade do debate: enquanto influenciadores são criticados, o ecossistema das apostas envolve toda uma cadeia de mídia e entretenimento. Para proteger os consumidores, a regulamentação deve ser ampla e justa, evitando uma fiscalização seletiva que ignore o papel de grandes players. O desafio é equilibrar liberdade econômica e responsabilidade social, mirando não apenas indivíduos, mas todo o mercado que sustenta o crescimento desenfreado das apostas no país.