Análise de Celso Amorim: Brasil e Brics diante da crise mundial - Como o conflito Irã-Israel-EUA afeta o futuro geopolítico?

Em um período de crescente tensão no Oriente Médio, Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, concedeu uma entrevista à CNN Brasil analisando os impactos dos recentes conflitos na ordem mundial. Suas declarações sublinham a fragilidade do sistema internacional e a urgência de uma reavaliação das relações geopolíticas. Este resumo explora os pontos centrais abordados por Amorim, a postura do governo brasileiro e as implicações para o futuro da diplomacia global.
A vulnerabilidade da ordem mundial
Amorim salientou que a ordem mundial já se encontra "muito vulnerada" em função dos recentes conflitos, particularmente entre Irã e Israel. Segundo ele, a escalada de hostilidades revela uma profunda crise no sistema internacional, levantando a questão se é possível retomar a antiga ordem ou se será necessário edificar uma nova estrutura a partir dos "escombros da velha". Essa análise reflete a percepção de que as instituições multilaterais e os acordos diplomáticos estão sob pressão sem precedentes.
Os próximos meses como um ponto de virada
O assessor destacou que os próximos dias e meses serão cruciais para compreender não apenas o conflito no Oriente Médio, mas também a correlação de forças globais. A maneira como as potências mundiais reagirão a essa crise pode redefinir novos alinhamentos e polarizações, impactando desde as relações bilaterais até o funcionamento de organizações como a ONU e os BRICS.
O papel dos BRICS na nova ordem
Amorim ressaltou a importância da reunião dos BRICS, agendada para julho no Brasil, como um fórum relevante para debater alternativas ao cenário atual. A participação do Irã no encontro ganha particular relevância, visto que o país é um dos atores centrais na crise. Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) podem emergir como uma plataforma para propostas de mediação ou para a articulação de um bloco mais independente das dinâmicas ocidentais.
A posição do governo brasileiro
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou veementemente os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, classificando-os como uma violação da soberania do Irã e do direito internacional. O Itamaraty reafirmou sua posição histórica contra a proliferação nuclear e defendeu o uso pacífico da energia atômica, especialmente em regiões instáveis como o Oriente Médio. Adicionalmente, o Brasil reforçou a necessidade de uma solução diplomática, repudiando ataques a áreas civis.
Repercussão internacional e desafios
Os ataques norte-americanos, anunciados pelo então presidente Donald Trump como "muito bem-sucedidos", atingiram instalações estratégicas do Irã, incluindo Fordow, Natanz e Isfahan. Essa ação unilateral dos EUA acirrou as tensões e gerou debates sobre a legalidade de intervenções militares sem o aval da ONU. Ao se posicionar contra os ataques, o Brasil alinha-se a uma tradição diplomática que privilegia o multilateralismo e a negociação pacífica.
As declarações de Celso Amorim e as ações do governo brasileiro espelham um momento crítico na política internacional, caracterizado pela erosão de normas estabelecidas e pela busca de novos equilíbrios de poder. Enquanto o mundo aguarda os desdobramentos dos próximos meses, a reunião dos BRICS pode se configurar como um espaço vital para discutir alternativas à atual desordem global. O Brasil, ao defender o diálogo e a soberania dos estados, reforça seu papel como mediador, mas também evidencia os desafios inerentes à construção de uma ordem mais justa e estável em meio a tantas incertezas.