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segunda-feira, 23 de junho de 2025 às 10:09 GMT+0

Guerra EUA-Israel contra o Irã: O ponto sem retorno da ordem global? Entenda a nova ea de impunidade e suas implicações mundiais

No domingo, 22 de junho de 2025, bombardeiros B-2 dos Estados Unidos, em estreita coordenação com Israel, atacaram três instalações nucleares no Irã: Fordow, Natanz e Isfahan. Logo após o ataque, Donald Trump — presidente dos EUA — afirmou que a operação foi um sucesso e declarou que o Irã deveria escolher entre a paz e a ameaça de novos ataques ainda mais destrutivos. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, celebrou a ação como um passo decisivo para encerrar o programa nuclear iraniano.

Embora o impacto militar imediato ainda esteja sendo avaliado, o que parece certo é que este ataque representa uma ruptura profunda com os fundamentos da ordem mundial estabelecida após a Segunda Guerra Mundial.

Ruptura com a ordem global pós-guerra

  • Desde o fim da Segunda Guerra e durante a Guerra Fria, as nações buscaram construir uma ordem internacional baseada em normas liberais como a diplomacia, o princípio da não-intervenção, o respeito à soberania dos Estados e o compromisso com instituições multilaterais. Esse modelo, ainda que imperfeito e muitas vezes violado, sustentou um ideal de estabilidade internacional.

  • No entanto, com os EUA participando ativamente de um ataque militar direto ao Irã sem aval da ONU e sem esgotar vias diplomáticas, muitos especialistas consideram que isso marca o colapso definitivo dessa ordem internacional. A entrada direta dos EUA no conflito sinaliza que normas básicas do direito internacional estão sendo descartadas em favor de ações unilaterais de força.

O pano de fundo: Tensões acumuladas desde 7 de outubro

  • O ataque é parte de um contexto de escalada iniciado com o atentado do Hamas em 7 de outubro, que desencadeou a destruição de Gaza por Israel e confrontos com grupos como o Hezbollah e os Houthis. Apesar de derrotar muitos desses grupos, Israel via o Irã como o último obstáculo a ser enfrentado. A aliança entre os EUA e Israel nesse ataque amplia o risco de um conflito regional de larga escala.

A situação interna do Irã

  • Internamente, o Irã enfrenta fortes tensões sociais e econômicas, agravadas pelo movimento “Mulher, vida, liberdade”, que expôs as fragilidades do regime diante da população jovem e das minorias étnicas e religiosas. Apesar de exercer influência sobre milícias na região, o Irã não é o “vilão centralizador” que alguns discursos retratam. A sua capacidade de comando direto sobre todos os conflitos regionais é limitada.

Diplomacia ameaçada e retrocesso nos acordos

  • Nos últimos anos, a diplomacia havia mostrado sinais de avanço. A aproximação entre Irã e Arábia Saudita, a partir de 2023, e os Acordos de Abraão de 2020, que normalizaram relações entre Israel e vários países árabes, indicavam um caminho de distensão. No entanto, os bombardeios e os efeitos da guerra em Gaza inviabilizaram a continuidade dessas negociações, travando o reconhecimento formal de Israel por parte da Arábia Saudita.

Contradições nucleares e a questão do direito internacional

  • O Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), apesar de ameaçar deixar o tratado recentemente. Suas lideranças afirmam que não buscam desenvolver armas nucleares. Já Israel nunca assinou o TNP e mantém uma política de silêncio sobre seu arsenal atômico, estimado entre 75 e 400 ogivas nucleares.

  • Esse duplo padrão levanta sérias questões: por que um país que não é signatário do TNP — e que provavelmente possui armas nucleares — ataca outro que ainda segue o tratado, alegando prevenir uma proliferação? A resposta não é técnica, mas política, e expõe a erosão da credibilidade do sistema internacional.

O risco de uma nova era de impunidade

Este ataque abre espaço para uma era de “nova impunidade”, na qual potências ocidentais agem militarmente sem prestação de contas às normas internacionais. Isso pode ter efeitos devastadores para outras regiões do mundo:

  • Na Ucrânia, a Rússia pode se sentir autorizada a intensificar seus avanços territoriais, argumentando que o uso da força é prática normalizada.
  • Na Ásia, a China pode ver a oportunidade de invadir Taiwan com menos resistência diplomática global.
  • Mesmo ameaças aparentemente absurdas, como Trump anexar a Groenlândia ou até o Canadá, ganham contornos mais críveis em um mundo onde o uso da força substitui a diplomacia.

Ataques como os de EUA e Israel ao Irã não são apenas um incidente isolado; eles marcam o possível fim da ordem global que buscava a paz após a Segunda Guerra Mundial, inaugurando uma perigosa era de impunidade onde a força pode prevalecer sobre as leis. Essa mudança drástica exige que a comunidade internacional decida se irá lutar para restaurar a diplomacia e a cooperação ou aceitar um futuro incerto, onde o custo humano pode ser devastador para os mais vulneráveis. O que acontecerá a seguir?

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