Liberdade de imprensa em crise: Como EUA e Hungria estão sinalizando o fim das democracias? Análise resumida

A liberdade de imprensa é um pilar fundamental das democracias, garantindo a fiscalização do poder e a existência de uma esfera pública crítica. Protegida pela Declaração Universal Dos Direitos Humanos (1948) e pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, essa liberdade tem enfrentado crescentes ameaças em países como os Estados Unidos e a Hungria. Sob lideranças como Donald Trump e Viktor Orbán, observa-se uma estratégia de erosão democrática que, sem rupturas abruptas, mina gradualmente as instituições e o pluralismo informativo.
Fundamentos teóricos: Por que a liberdade de imprensa é essencial
- John Locke e Montesquieu: Pensadores clássicos defendiam que a liberdade de expressão e a separação de poderes são barreiras contra a tirania.
- James Madison: Um dos arquitetos da Primeira Emenda nos Estados Unidos, Madison argumentava que a imprensa livre era vital para uma cidadania informada e para o controle do poder.
- Democracias contemporâneas: A erosão hoje ocorre por meio de mecanismos indiretos, como manipulação de normas jurídicas e pressões econômicas sobre veículos independentes.
Hungria: O manual da autocratização sob Viktor Orbán
Desde 2010, Orbán implementou um projeto sistemático de concentração de poder:
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Controle da mídia: Criação de órgãos reguladores subordinados ao governo, aquisição de veículos por aliados e transformação da mídia pública em propaganda estatal.
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Leis repressivas: Em 2024, a Hungria aprovou medidas como a revogação da cidadania de críticos com dupla nacionalidade, vinculando direitos políticos ao alinhamento ideológico.
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Autocratização institucional: Apesar de manter eleições formais, o país opera com dinâmicas autoritárias, restringindo o pluralismo.
Estados Unidos: A adoção do manual de Orbán sob Donald Trump
No segundo mandato de Trump, estratégias similares foram observadas:
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Assédio à imprensa: Veículos como Associated Press e PBS enfrentaram processos judiciais e exclusão de eventos oficiais.
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Deslegitimação: Jornalistas foram rotulados como "inimigos do povo", enquanto mídias alinhadas ao governo ganharam espaço.
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Ataques a instituições: Universidades e agências como a U.S. Agency For Global Media sofreram cortes de financiamento e pressões políticas, comprometendo sua autonomia.
Padrões comuns: Como a democracia é minada
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Captura institucional: Ambos os casos mostram que o ataque à imprensa precede a erosão de outros mecanismos democráticos, como o Judiciário e o Legislativo.
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Estratégias de erosão: Uso de leis, pressões econômicas e manipulação regulatória para restringir o fluxo de informações sem violar formalmente a Constituição.
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Federalismo e limites: Sistemas descentralizados (como o dos EUA) podem retardar, mas não impedir, a autocratização se os atores políticos abandonarem os princípios democráticos.
A liberdade de imprensa como condição para a democracia
A comparação entre Hungria e Estados Unidos revela que a democracia não é destruída apenas por golpes, mas também por degradação lenta e planejada. A liberdade de imprensa, longe de ser um detalhe, é essencial para a soberania popular informada e o equilíbrio de poderes. Como lembra a tradição de Locke e Madison, sem imprensa livre, o consentimento dos cidadãos perde legitimidade, e o poder tende ao autoritarismo. A defesa desse direito, portanto, não é opcional: é a linha que separa democracias de autocracias.