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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025 às 10:56 GMT+0

Lula em queda livre: Como a alta dos alimentos virou um pesadelo para o governo - Análise sobre as pesquisas

A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em 14 de fevereiro de 2025, revelou que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu seu pior patamar desde o início de seu terceiro mandato. A principal causa apontada para essa queda é a inflação dos alimentos, que tem afetado principalmente as classes mais baixas, tradicionalmente a base de apoio do presidente.

Queda na aprovação e aumento da rejeição

Os números da pesquisa mostram uma deterioração significativa na percepção do governo:

  • Aprovação: Caiu de 35% para 24% em dois meses.
  • Rejeição: Aumentou de 34% para 41%, atingindo seu maior nível até agora.

Outras pesquisas também vinham registrando essa tendência de queda, mas em menor escala. A Genial Quaest, por exemplo, mostrou que a aprovação do governo caiu de 33% em dezembro para 31% no final de janeiro, enquanto a AtlasIntel indicou uma queda de 43% para 38% no mesmo período.

O dado mais preocupante para o governo, segundo a Eurasia Group, é a queda acentuada entre os eleitores de menor renda, um grupo que historicamente sustenta a base de apoio de Lula.

Inflação dos alimentos: o 'calcanhar de Aquiles' do governo

A inflação dos alimentos tem sido o fator mais sensível para a queda de popularidade. Os grupos mais afetados são aqueles que dependem de uma renda menor para sobreviver:

1. Entre pessoas que ganham menos de dois salários mínimos, a aprovação caiu de 49% para 29%.
2. Entre mulheres, a avaliação de "ótimo/bom" passou de 38% para 24%.
3. No Nordeste, onde Lula sempre teve forte apoio, a aprovação caiu de 49% para 33%.

Os principais produtos que mais pesaram no bolso dos brasileiros foram:

  • Cenoura: alta de 36,14% em janeiro.
  • Tomate: aumento de 20,27%.
  • Café moído: subiu 8,56% no mês e acumulou 50,35% de alta em 12 meses.
  • Carnes: aumento acumulado de 21,17% em um ano.
  • Óleo de soja: subiu 24,55% em 12 meses.
  • Laranja lima: aumento de 59,56% no último ano, um recorde.

O aumento dos preços está ligado a fatores como a alta do dólar e problemas climáticos que afetaram a produção agrícola.

Medidas econômicas e tentativa de recuperação

Diante desse cenário, o governo busca maneiras de reagir e recuperar a confiança da população. Algumas das principais medidas em discussão incluem:

1. Isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil

  • Essa proposta foi anunciada pelo governo em novembro de 2024 e ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.
  • A ideia é aliviar a carga tributária da classe média e baixa.

2. Programa "Gás pra Todos"

  • Visa garantir acesso gratuito ao gás de cozinha para famílias de baixa renda.
  • Ainda precisa passar pelo Congresso para ser implementado.

3. Ampliação do crédito consignado em bancos privados

  • Facilitaria o acesso ao crédito para os trabalhadores.
  • O objetivo é estimular o consumo e aliviar a pressão financeira das famílias.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo governo nos últimos meses e mencionou que o foco deve ser o preço dos alimentos, a inflação e a recuperação da economia.

Impacto da crise do Pix e das fake news

  • Outro fator que agravou a insatisfação popular foi a polêmica envolvendo o Pix. No início de janeiro, o governo recuou de uma nova regra da Receita Federal que exigiria o compartilhamento de informações sobre transações realizadas pelo sistema.

  • Essa decisão veio após uma onda de desinformação que espalhou a falsa ideia de que o Pix seria taxado. A crise gerada pelo episódio ajudou a desgastar ainda mais a imagem do governo.

  • O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, classificou o momento como uma "tempestade perfeita", combinando o aumento no preço dos alimentos, a alta do dólar e o desgaste causado pela crise do Pix.

O que isso significa para o futuro de Lula?

  • A consultoria Eurasia Group destacou que a popularidade de Lula pode influenciar diretamente sua competitividade nas eleições presidenciais de 2026. Se a inflação dos alimentos continuar subindo — como prevê a maioria dos economistas —, o caminho para uma possível reeleição pode se tornar mais difícil.

  • No curto prazo, a tendência é que Lula pressione sua equipe econômica a buscar soluções rápidas para conter a inflação e recuperar a confiança do eleitorado. No entanto, há um risco de que, no segundo semestre do ano, o governo adote medidas populistas para tentar melhorar sua imagem.

  • A popularidade de um governo pode oscilar ao longo do tempo, mas o impacto da inflação, especialmente no setor de alimentos, costuma ter efeitos duradouros sobre a opinião pública. O desafio de Lula será equilibrar a necessidade de controle da inflação com medidas que aliviem o impacto sobre a população mais vulnerável, sem comprometer a economia no longo prazo.

A pesquisa Datafolha revelou um cenário desafiador para o governo Lula, com a inflação dos alimentos pesando diretamente sobre sua popularidade. A perda de apoio entre os mais pobres e no Nordeste acende um alerta para a equipe do presidente, que precisa reagir rapidamente para evitar que a situação se deteriore ainda mais.

As próximas decisões econômicas do governo serão cruciais para definir o rumo da popularidade de Lula e sua capacidade de manter um caminho viável para a reeleição em 2026. A recuperação da economia e o alívio no custo de vida serão fatores determinantes nos próximos meses.

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