Covid-19: Por que as vacinas precisam evoluir? Estudo revela estratégias contra novas variantes

Um estudo recente publicado na revista Pathogens, liderado por pesquisadores brasileiros, analisou os avanços das vacinas contra a Covid-19 e destacou a necessidade de evoluir os imunizantes para combater as novas variantes do vírus. Coordenado por Sergio Costa Oliveira, professor da Universidade de São Paulo (USP) e líder do grupo de pesquisa em vacinologia do Institut Pasteur de São Paulo (IPSP), o artigo reforça que, embora as vacinas atuais tenham reduzido casos graves, a contínua mutação do SARS-CoV-2 exige estratégias inovadoras.
Importância do estudo:
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Atualização científica: O estudo sintetiza os desafios e progressos das vacinas, oferecendo um panorama claro sobre a eficácia atual e as necessidades futuras.
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Relevância global: Com a pandemia ainda presente, entender a evolução das vacinas é crucial para políticas públicas e desenvolvimento de novas tecnologias.
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Base para inovações: A pesquisa aponta caminhos para vacinas mais robustas, capazes de lidar com variantes emergentes.
Desafios das vacinas atuais:
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Foco na proteína Spike: As vacinas existentes têm como principal alvo a proteína Spike, que sofre mutações frequentes, reduzindo sua eficácia contra novas variantes, como a ômicron e suas sublinhagens (BA.2, BA.4, BA.5 e XBB).
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Declínio da imunidade: Estudos mostram que os níveis de anticorpos caem significativamente após seis meses da vacinação, exigindo doses de reforço frequentes.
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Grupos vulneráveis: Idosos e imunossuprimidos têm resposta imunológica menos eficaz devido à imunossenescência (envelhecimento do sistema imunológico), necessitando de formulações adaptadas.
Estratégias para vacinas futuras:
- Inclusão de novos antígenos: Além da proteína Spike, o estudo sugere o uso da proteína Nucleocapsídeo (N), mais estável e menos suscetível a mutações, para induzir uma resposta imunológica mais ampla e duradoura.
- Vacinas de mucosa: Formulações intranasais podem estimular a imunidade diretamente nas vias respiratórias, barrando a entrada do vírus e reduzindo a transmissão.
- Uso da vacina BCG como vetor: Pesquisas do ICB-USP e do Institut Pasteur testam uma versão geneticamente modificada da BCG (usada contra tuberculose) para expressar antígenos do SARS-CoV-2. Em testes com camundongos, a vacina mostrou proteção robusta, ativando anticorpos e resposta celular.
O estudo reforça que, embora as vacinas atuais tenham sido essenciais no controle da pandemia, a evolução do vírus demanda inovações contínuas. A combinação de múltiplos antígenos, plataformas como a BCG recombinante e vacinas de mucosa representam promessas para imunizantes mais eficazes e menos dependentes de atualizações frequentes. Como destacou Oliveira: "Precisamos continuar inovando para garantir proteção efetiva e duradoura". A colaboração entre instituições e o investimento em pesquisa serão fundamentais para enfrentar os desafios futuros da Covid-19.