Desabamento da ponte Juscelino Kubitschek entre Tocantins e Maranhão: Tragédia, desaparecidos e riscos ambientais em meio ao caos
No domingo, 22 de dezembro de 2024, a tragédia que abalou a região norte do Brasil se deu com o desabamento de uma ponte histórica que liga os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), sobre o Rio Tocantins. O evento gerou perdas humanas e causou danos ambientais significativos, resultando em uma força-tarefa que busca localizar os desaparecidos e apurar as causas da tragédia.
O acidente e as busca pelos desaparecidos
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Após a queda da ponte, um intenso trabalho de busca foi iniciado pelas autoridades estaduais e federais. Até a noite de 24 de dezembro, quatro vítimas fatais foram confirmadas: uma mulher de 25 anos, uma criança de 11 anos, um homem de 42 anos e uma mulher de 45 anos. Além disso, um homem de 36 anos foi encontrado com vida, mas com fraturas, e foi levado ao hospital de Estreito. A operação de resgate, ainda em andamento, conta com a ajuda de bombeiros e equipes especializadas que operam com botes, aguardando a autorização para o uso de mergulhadores, dependendo dos resultados dos testes de segurança na água.
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A Polícia Rodoviária Federal confirmou que ao menos oito veículos caíram no rio, incluindo quatro caminhões, dois carros e duas motocicletas. A carga de um dos caminhões, contendo ácido sulfúrico, e de outro, herbicidas, impôs restrições adicionais às buscas, uma vez que autoridades aguardam laudos ambientais para verificar a segurança de um possível trabalho submerso.
Impactos ambientais e a contaminação da água
- A Agência Nacional de Águas (ANA) relatou que dois dos caminhões envolvidos no acidente transportavam substâncias perigosas: 22 mil litros de defensivos agrícolas e 76 toneladas de ácido sulfúrico. Por segurança, a captação de água foi suspensa nas cidades banhadas pelo Rio Tocantins, até que as autoridades possam confirmar a diluição dessas substâncias. Nove cidades em Tocantins e oito no Maranhão podem ter sido impactadas pela possível contaminação da água. Apesar dos testes iniciais mostrarem que o pH da água está normal, a análise completa levará até 15 dias.
Falhas estruturais e histórico da onte
A Ponte Juscelino Kubitschek, com 533 metros, foi inaugurada na década de 1960 e já apresentava sinais de desgaste. Entre 2021 e 2023, foram realizados reparos, mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) reconheceu a necessidade de uma reabilitação profunda, que deveria ter sido iniciada em 2024. No entanto, uma licitação para o projeto de reabilitação foi frustrada. Denúncias locais indicavam problemas na estrutura há mais de dez anos, com moradores e especialistas alertando sobre as rachaduras e armaduras expostas, que geram riscos devido à corrosão. Para o professor de engenharia civil, Fabio Ribeiro, as falhas estruturais eram evidentes e a falta de manutenção adequada pode ter levado ao colapso.
Reações e ações das autoridades
- Após o acidente, o Ministério Público de ambos os Estados e o Dnit iniciaram investigações para apurar as responsabilidades e os impactos ambientais. A reconstrução da ponte foi decretada uma emergência, com o valor estimado da obra entre
R$ 100 a R$ 150 milhões
. O Ministério dos Transportes anunciou que os trabalhos para a reconstrução da ponte devem começar ainda em 2024, com um prazo de 12 meses para a conclusão. O ministro Renan Filho se comprometeu a garantir os recursos necessários e destacou a importância da sindicância para identificar as causas da tragédia.
O impacto na comunidade local
- A cidade de Aguiarnópolis, em choque, viu um de seus vereadores, Elias Junior, registrar vídeos da ponte com sinais de rachaduras pouco antes do desabamento. Ele relatou que as falhas estruturais eram uma preocupação constante entre os moradores, que sempre clamaram por mais investimentos em manutenção. O vereador, que estava filmando o local, captou o momento exato da tragédia, o que deixou a população ainda mais abalada.
Vídeo gravado um dia antes do desabamento da ponte Juscelino Kubitschek
A queda da Ponte Juscelino Kubitschek é um trágico exemplo das falhas de infraestrutura e da negligência na manutenção de estruturas essenciais para a segurança pública. As buscas por desaparecidos e os esforços para minimizar o impacto ambiental continuam, enquanto as autoridades investigam as causas do desastre e tomam providências para a reconstrução da ponte. O caso também expõe as lacunas na inspeção e no reparo de infraestruturas no Brasil, destacando a necessidade urgente de ações preventivas mais eficazes para evitar novos desastres.