EAD em 2025: O que muda nos cursos à distância? Qualidade vs. Inclusão em debate

O ensino à distância (EAD) no Brasil passa por transformações significativas com a assinatura do novo marco regulatório pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 19 de maio de 2025. A medida, que redefine as modalidades de ensino superior (presencial, semipresencial e 100% online), busca equilibrar qualidade acadêmica e inclusão, mas gera debates entre entidades educacionais e parlamentares. Enquanto a Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP) pede cautela para não prejudicar o acesso de populações vulneráveis, a Frente Parlamentar da Educação defende a regulamentação como necessária para evitar formações deficitárias.
O que muda com o novo marco regulatório do EAD?
1.
Três modalidades definidas: Cursos presenciais, semipresenciais (com até 40% da carga horária online) e EAD (100% online).
2.
Atividades presenciais obrigatórias: Cursos totalmente a distância deverão incluir avaliações, estágios ou práticas laboratoriais presenciais, dependendo da área.
3.
Restrições a cursos específicos: Áreas como Medicina e Direito terão limites rígidos para evitar formação exclusivamente online, atendendo a demandas de órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
4.
Padronização de conceitos: O Ministério da Educação (MEC) uniformiza termos como "atividades presenciais" e "interação docente-estudante" para evitar brechas.
Posicionamento da ANUP: Inclusão versus Qualidade
A Associação Nacional das Universidades Particulares reconhece avanços na proposta, mas destaca pontos críticos:
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Inclusão ameaçada: O EAD é a única opção para milhões de brasileiros, especialmente em cidades pequenas ou com infraestrutura precária. Regras muito rígidas podem excluir esses estudantes.
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Flexibilidade necessária: A entidade defende que critérios como a proporção de tutores por aluno sejam baseados em dados e não em regras genéricas, para preservar inovação pedagógica.
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Diálogo com o MEC: A ANUP pede transparência na divulgação das normas complementares e avaliação contínua das medidas.
Apoio da frente parlamentar da educação
O deputado Rafael Brito, presidente da Frente, argumenta:
- Atraso na regulamentação: A falta de regras claras permitiu cursos superiores de baixa qualidade, especialmente em áreas críticas como Saúde e Direito.
- Equilíbrio na medida: O decreto é visto como "maleável" por permitir semipresencialidade, mas firme ao vetar EAD integral em cursos que exigem prática.
- Recepção positiva: A maioria dos parlamentares da Frente apoia a mudança, alinhando-se a demandas de entidades profissionais.
Impactos e desafios
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Para instituições: Universidades privadas terão que adaptar matrizes curriculares e infraestrutura, o que pode aumentar custos.
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Para estudantes: Cursos semipresenciais podem elevar gastos com deslocamento, mas garantem formação mais sólida.
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Para o sistema educacional: A medida busca reduzir evasão e melhorar indicadores de qualidade, mas depende de fiscalização eficiente.
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Dados contextuais: Segundo o Censo da Educação Superior (2023), 63% das matrículas em graduação no Brasil são em EAD.
Um passo necessário, mas com ressalvas
O novo marco do EAD reflete um consenso sobre a necessidade de ordenar o setor, mas revela tensões entre qualidade e acesso. Enquanto o MEC e o Congresso enfatizam a proteção aos estudantes contra diplomas desvalorizados, a ANUP alerta para riscos de exclusão social. O sucesso da política dependerá de implementação gradual, diálogo com as instituições e investimento em infraestrutura educacional — especialmente para regiões menos desenvolvidas. A regulamentação, portanto, não é um ponto final, mas o início de um ajuste delicado no futuro da educação brasileira.