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sábado, 14 de dezembro de 2024 às 11:03 GMT+0

Neofobia: O medo do novo que está mudando a forma como consumimos e pensamos

Nos dias de hoje, a neofobia — aversão ao novo — vem ganhando destaque no comportamento dos consumidores, especialmente entre os mais jovens. Este fenômeno, que parece contraditório à cultura de inovação, está moldando as escolhas de compra e o engajamento com marcas e produtos. A constante hiperconexão e o fluxo incessante de informações contribuem para essa mudança de comportamento, levando as pessoas a preferirem familiaridade e conforto, em vez da busca constante por novidades.

A era da hiperconexão e o surgimento da Neofobia

  • O que inicialmente era um termo usado para descrever o medo de novos alimentos, a neofobia agora se aplica a um comportamento mais complexo ligado à saturação de informações nas redes sociais. Pessoas que passam grande parte do dia conectados, revelam que, após o bombardeio diário de novidades, sentem uma necessidade de "voltar ao básico". A aversão a experimentar algo novo é uma resposta direta ao cansaço mental gerado pelas redes sociais, que inundam os usuários com constantes atualizações. Esse comportamento é mais prevalente entre os consumidores que já estão sobrecarregados pela velocidade da informação e, em muitos casos, preferem escolhas mais familiares e seguras.

A influência da hiperconexão nas preferências de consumo

  • Com o crescimento exponencial do uso de plataformas como Instagram e TikTok, os consumidores estão cada vez mais imersos em um mundo de "bolhas" de informação. Isso significa que as pessoas se cercam de opiniões e informações que reforçam suas crenças e preferências, resultando em uma resistência ao novo que não se encaixa nesse universo. O especialista Felipe Wasserman explica que o excesso de informações disponíveis diminui o desejo por novidades, pois os consumidores se tornam mais céticos e seletivos em suas escolhas. Assim, produtos que antes seriam objetos de desejo, como smartphones ou novas tecnologias, tornam-se commodities, sem o mesmo apelo que tinham anteriormente.

Acelerando o ciclo das tendências e a incerteza global

  • Além da saturação digital, o ciclo acelerado de tendências e as incertezas globais também contribuem para a neofobia. Rafael Araujo, especialista em tendências de consumo, aponta que o apetite por risco diminui à medida que as pessoas enfrentam crises econômicas, políticas e ambientais. Isso cria uma dualidade no consumidor, que deseja novas experiências, mas ao mesmo tempo busca segurança e previsibilidade em suas decisões de compra. A confiança no futuro está em declínio, e a ansiedade causada pela instabilidade externa afasta os consumidores de qualquer coisa que pareça arriscada ou incerta.

Como a Neofobia está redefinindo as estratégias das marcas

  • A tendência crescente da neofobia está forçando as marcas a repensarem suas estratégias. Letícia Vaz, especialista em varejo, destaca que as empresas precisam buscar formas de "rememorar" épocas mais simples, criando produtos ou experiências que remetam ao passado, antes da era da hiperconectividade. Por exemplo, coleções de roupas inspiradas no estilo clássico ou bebidas lançadas com ingredientes tradicionais podem agradar mais do que as inovações tecnológicas ou novas fórmulas. A ideia é oferecer algo que traga a sensação de nostalgia, uma lembrança de tempos mais tranquilos e previsíveis.

O papel das marcas na criação de experiências seguras

  • As marcas também estão cada vez mais se voltando para estratégias que ajudem a reduzir o tempo que as pessoas gastam conectadas. Produtos que incentivem a desconexão, como jogos de cartas, revistas impressas e passatempos manuais, estão sendo cada vez mais populares. A criação de rituais, como essas atividades, ajuda a diminuir a sobrecarga digital e a devolver ao consumidor a sensação de controle e prazer nas coisas simples.

A neofobia, impulsionada pela hiperconexão e pela saturação de informações, está transformando o comportamento dos consumidores. Embora pareça um paradoxo em um mundo que sempre valoriza a inovação, a resistência ao novo se tornou uma resposta natural ao estresse mental e à busca por segurança. Para as empresas, isso representa um desafio significativo, exigindo que adaptem suas estratégias para oferecer familiaridade, conforto e experiências que remetam ao passado. Em um cenário de incerteza global, entender e se conectar com essa nova realidade será crucial para sobreviver e prosperar no mercado futuro.

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