Tahlequah: A "Orca" que carregou seu filhote morto por 17 dias - Um novo nascimento e esperança para as orcas residentes do sul
Tahlequah, a orca fêmea conhecida como J35, protagonizou um ato comovente de luto quando nadou por 17 dias com o corpo de seu filhote morto, em 2018. Recentemente, ela foi novamente notícia, desta vez por dar à luz a uma nova cria, que foi identificada como J61. O nascimento deste filhote traz uma onda de esperança, mas também levanta preocupações sobre o futuro da população de orcas residentes do Sul, uma das mais ameaçadas do planeta.
O nascimento de J61
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Tahlequah foi fotografada pela primeira vez com seu novo filhote em 20 de dezembro de 2024. O filhote, que inicialmente não teve sua identidade confirmada, foi reconhecido como filha de J35 por pesquisadores do Center for Whale Research (CWR) em 23 de dezembro. Uma análise cuidadosa das imagens revelou que o filhote é uma fêmea, trazendo um alívio e alegria para os pesquisadores.
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A notícia foi recebida com emoção, especialmente por entusiastas da vida selvagem, como um fotógrafo que, ao observar suas imagens, percebeu a presença de um filhote muito menor e mais escuro nadando com J35. A descoberta reacendeu o interesse e a esperança de que a orca fêmea seja capaz de garantir a continuidade da espécie, apesar dos desafios que elas enfrentam.
O luto e a superação
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Tahlequah ficou famosa após a morte de seu filhote em 2018. Após o nascimento prematuro do filhote, que morreu poucas horas depois de nascer, ela carregou o corpo por mais de 1.600 km, impedindo-o de afundar. Este comportamento foi amplamente interpretado como um sinal de luto, algo raro observado em mamíferos marinhos, e gerou grande comoção em todo o mundo.
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Após esse episódio traumático, J35 teve outro filhote, o J57, em 2020, e agora trouxe ao mundo J61, um sinal de resiliência e de esperança para a população de orcas residentes do Sul, que está em sério declínio.
Desafios para a população de orcas residentes do sul
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Embora o nascimento de J61 traga boas notícias, ele também destaca os desafios que a população de orcas enfrenta. As orcas residentes do Sul, que habitam as águas da costa noroeste do Pacífico, estão em perigo crítico. Essas orcas dependem fortemente do salmão como sua principal fonte de alimento. No entanto, a escassez de salmão devido à degradação ambiental e mudanças no ecossistema marinho compromete gravemente sua sobrevivência.
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Em 2024, a população de orcas residentes do Sul foi estimada em 73 indivíduos, uma queda considerável desde os anos 90, quando o número chegou a 98. A falta de recursos alimentares e os altos níveis de mortalidade entre os filhotes são as principais preocupações.
Preocupações com a saúde de J61
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Apesar da empolgação com o nascimento, os pesquisadores expressaram preocupações sobre o bem-estar do filhote J61. Comportamentos preocupantes, como o empurrão do filhote pela cabeça de J35 e a falta de sinais evidentes de vitalidade, foram observados. Esses sinais indicam que o primeiro ano de vida, sempre desafiador para as orcas, pode ser ainda mais difícil para J61, dado o contexto de escassez de alimentos e a saúde fragilizada da população.
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De acordo com o Orca Conservancy, a falta de salmonídeos em níveis adequados é uma das principais ameaças à sobrevivência dos novos filhotes, e a recuperação das populações de salmão é essencial para garantir o futuro das orcas residentes do Sul.
Importância de cada nascimento
- Cada nascimento de orca é crucial para a sobrevivência dessa população ameaçada. Como mencionou o CWR, “essas baleias precisam de peixe suficiente para se sustentar e alimentar seus filhotes”. Sem o acesso adequado aos salmões, o futuro das orcas residentes do Sul será cada vez mais incerto.
O nascimento de J61, filha de Tahlequah, é uma notícia que traz uma mensagem de esperança em um momento de desafios imensos para as orcas residentes do Sul. No entanto, é crucial que o ecossistema marinho seja restaurado, especialmente com relação à população de salmões, para garantir que as orcas possam prosperar e suas futuras gerações sobrevivam. O esforço para salvar essas orcas exige a colaboração de cientistas, ambientalistas e governos, para proteger essas criaturas magníficas e garantir que a próxima geração de orcas tenha uma chance real de sobreviver.