Algoritmos do ódio: Como as redes sociais estão tornando os jovens mais machistas?

Pela primeira vez na história, o machismo está se tornando mais prevalente entre os jovens do que entre as gerações mais velhas, segundo a pesquisadora e escritora feminista Laura Bates. Em entrevista ao podcast Radical with Amol Rajan, da BBC Radio 4, Bates alerta para a radicalização de meninos e adolescentes, impulsionada por algoritmos de redes sociais e pela inteligência artificial (IA). Esse fenômeno representa uma inversão preocupante, já que, tradicionalmente, atitudes misóginas eram mais associadas a homens mais velhos.
A mudança no cenário do machismo
- Dados alarmantes: Estudos mostram que jovens homens estão adotando visões mais retrógradas sobre gênero do que seus pais e avós.
- Expectativa x realidade: A ideia de que as novas gerações são naturalmente mais progressistas está sendo desafiada.
- Causas principais: A exposição a conteúdos extremistas online, especialmente em plataformas como TikTok e Instagram, está moldando essas percepções.
O papel das redes sociais e dos algoritmos
- Radicalização acelerada: Bates demonstra que, em apenas 30 minutos no TikTok, um menino de 14 anos pode ser exposto a discursos misóginos, mesmo sem buscá-los.
- Falhas das plataformas: Empresas como Meta (Facebook, Instagram) e TikTok alegam combater o discurso de ódio, mas falham na moderação eficiente.
- Efeito dominó: Conteúdos extremistas levam a comportamentos abusivos no mundo real, como assédio e violência contra mulheres.
A inteligência artificial como agravante
- Vieses discriminatórios: Ferramentas de IA usadas em recrutamento, crédito e saúde já demonstram preconceitos contra mulheres.
- Deepfakes e pornografia não consensual: Aplicativos que criam imagens íntimas falsas estão sendo usados para humilhar mulheres e meninas, com casos reais de suicídio e isolamento social.
- Falta de regulamentação: A IA amplifica desigualdades existentes, e as empresas não estão sendo responsabilizadas.
Impacto na saúde mental e na sociedade
- Crise entre jovens homens: A pressão por uma masculinidade tóxica está ligada ao aumento de suicídios entre adolescentes.
- Mulheres em risco: Meninas enfrentam assédio digital e físico, com consequências psicológicas graves.
- Normalização do sexismo: Comportamentos abusivos estão sendo banalizados, dificultando a mudança cultural.
Possíveis soluções
- Modelos positivos de masculinidade: Homens que promovem respeito e igualdade devem ser mais visíveis, tanto na mídia quanto no cotidiano.
- Regulamentação das redes sociais: Plataformas precisam investir em moderação humana eficiente e limitar a disseminação de ódio.
- Educação e diálogo: Conversas abertas sobre consentimento, relações saudáveis e direitos digitais são essenciais desde a infância.
Denuncie
Se você ou alguém que você conhece sofreu assédio, discriminação, violência de gênero ou abuso online, existem canais para denunciar e buscar ajuda:
No Brasil
1. Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
- Serviço gratuito 24h para denúncias de violência contra a mulher.
- Disponível em todo o território nacional.
2. Disque 100
(Direitos Humanos)
- Recebe denúncias de violações de direitos humanos, incluindo assédio e discriminação.
3. Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs)
- Locais físicos para registrar ocorrências de violência de gênero.
4. Fala.BR (Plataforma de Denúncias do Governo Federal)
- Permite denúncias anônimas contra assédio e abuso.
5. SaferNet
- Canal especializado em crimes digitais, como pornografia não consensual e discurso de ódio.
Internacionalmente
1. TikTok, Meta (Facebook/Instagram), X (Twitter)
- Todas as plataformas possuem ferramentas de denúncia dentro dos aplicativos.
2. Cyber Civil Rights Initiative (CCRI) – Ajuda vítimas de revenge porn e deepfakes.
Se precisar de apoio psicológico ou jurídico:
1. CVV (Centro de Valorização da Vida) – Ligue 188
- Atendimento gratuito e sigiloso para crises emocionais.
2. Defensoria Pública da sua região – Auxílio jurídico gratuito.
Não fique em silêncio! Denunciar é o primeiro passo para combater a violência e proteger outras pessoas. Compartilhe essa informação.
Laura Bates destaca que, embora o cenário seja preocupante, há esperança. Movimentos como o Everyday Sexism e o MeToo mostram o poder da denúncia coletiva. No entanto, é urgente que governos, empresas e sociedade civil ajam para frear a radicalização online e proteger as gerações mais jovens. Como Bates afirma:
"Não se trata apenas de vítimas ou agressores, mas de todos nós, que somos cidadãos digitais em um mundo cada vez mais moldado pela tecnologia."