Fim da guerra tarifária? Tribunal dos EUA suspende taxas de Trump: Entenda o impacto no comércio global

Nesta quarta-feira, 28 de maio de 2025, um painel do Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos suspendeu as tarifas globais impostas pelo presidente Donald Trump, marcando uma decisão de peso no cenário econômico e político. A medida atinge as taxações sobre produtos da China, México e Canadá, além de tarifas universais aplicadas sob a justificativa de "emergência econômica". O caso, que tem sido acompanhado de perto por mercados e governos, reflete as tensões entre os poderes executivo e judiciário e seus impactos no comércio global.
A decisão do tribunal
O tribunal barrou as tarifas de 30% sobre a China, 25% sobre produtos do México e Canadá, e 10% sobre a maioria das importações para os EUA, que foram implementadas por Trump em 2 de abril de 2020. As únicas exceções são as taxas sobre automóveis, autopeças, aço e alumínio, que foram baseadas na Seção 232 da Lei de Expansão Comercial e, portanto, permanecem válidas. A decisão tem efeito imediato, impedindo a aplicação dessas tarifas até que acordos comerciais sejam formalizados com outros países.
Fundamentos legais e críticas
Trump havia invocado a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para justificar as tarifas, alegando "ameaças extraordinárias" à economia. No entanto, os juízes consideraram que a IEEPA não autoriza o presidente a criar tarifas sem a aprovação do Congresso, classificando a medida como "inconstitucional". O tribunal enfatizou que déficits comerciais, por si só, não configuram uma emergência nacional. A ação judicial foi movida pelo Liberty Justice Center, que representou pequenas empresas prejudicadas, e por 12 estados democratas, que acusaram Trump de sobrecarregar consumidores com impostos ilegais.
Impactos econômicos e reações
Nos mercados financeiros, os futuros do Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq registraram altas entre 1,1% e 1,6% após o anúncio, refletindo o alívio dos investidores. Politicamente, defensores da decisão, como o professor Ilya Somin da Universidade George Mason, celebraram, afirmando que a corte "reafirmou os limites do poder presidencial". A Casa Branca, por meio do porta-voz Harrison Fields, defendeu a necessidade das tarifas para proteger a economia, mas evitou comentar diretamente a decisão judicial.
Contexto histórico e relevância
As tarifas de Trump foram parte de uma política comercial agressiva iniciada em 2018, que impactou as relações com aliados e adversários. A China, por exemplo, retaliou com taxas sobre produtos agrícolas dos EUA. Esta decisão judicial estabelece um importante precedente legal, reforçando o papel do judiciário em frear excessos do poder executivo, especialmente em temas comerciais que, por tradição, são de competência do Congresso.
Próximos passos
O governo tem a opção de recorrer ao Tribunal Federal de Circuitos ou, em última instância, à Suprema Corte, para tentar reverter a suspensão. As implicações de longo prazo da decisão podem ser significativas, pois ela pode limitar futuras ações presidenciais unilaterais em comércio internacional, fortalecendo a divisão de poderes nos EUA.
A suspensão das tarifas globais de Trump pelo Tribunal de Comércio Internacional representa um marco na disputa entre a autonomia presidencial e o controle judicial. Além de potencialmente aliviar tensões comerciais globais, a decisão sublinha a importância dos mecanismos legais para equilibrar os poderes na democracia americana. Enquanto o governo avalia seus recursos, o caso deixa claro que medidas econômicas radicais exigem uma base legal sólida, sob o risco de serem barradas pelo judiciário. Para o comércio global, esta decisão pode sinalizar uma redução nos conflitos tarifários, mas seu desfecho final ainda depende dos próximos capítulos jurídicos.