Análise resumida: Por que Bolsonaro prioriza Câmara e Senado em 2026 em vez da Presidência?

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) definiu sua principal estratégia política para as eleições de 2026: concentrar esforços na conquista de maiorias na Câmara dos Deputados e no Senado. Durante um ato na Avenida Paulista em 29 de junho de 2025, Bolsonaro deixou claro que sua influência não depende necessariamente de ocupar a Presidência da República, mas sim de controlar o Legislativo. Essa abordagem visa evitar pressões para indicar um sucessor presidencial enquanto fortalece sua base de poder.
A estratégia legislativa de Bolsonaro
Bolsonaro afirmou: "Me deem 50% da Câmara e do Senado que eu mudo o destino do Brasil, nem preciso ser presidente"
. Sua prioridade é assegurar bancadas majoritárias em ambas as casas legislativas, o que lhe permitiria:
- Influenciar a agenda política e as reformas.
- Controlar a distribuição de cargos estratégicos, como mesas diretoras e comissões.
- Fortalecer o PL (Partido Liberal), que já possui a maior bancada da Câmara desde 2022.
Essa tática também serve para adiar a definição de um candidato presidencial em 2026, minimizando divisões internas no campo bolsonarista.
Pressões internas e indefinição sobre o sucessor
Líderes do Centrão e aliados pressionam Bolsonaro para que indique um nome à Presidência, mas ele evitou comprometer-se com qualquer figura específica. Entre as possibilidades discutidas estão:
- Seus filhos, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
- A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
- Um aliado próximo, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Flávio Bolsonaro declarou que seu pai "não terá vaidade" na escolha, sugerindo que a decisão será pragmática.
Obstáculos jurídicos e retórica de perseguição
Bolsonaro enfrenta desafios legais que podem impactar seus planos:
- Está inelegível devido a condenações anteriores.
- Em setembro de 2025, será julgado pelo processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado. Aliados temem uma condenação.
Para contornar esse cenário, sua estratégia inclui:
- Criticar o STF (Supremo Tribunal Federal), classificando o processo como "perseguição política" e "inquisição".
- Mobilizar apoiadores com discursos contra o Judiciário, como visto no ato de São Paulo, onde foram exibidos áudios de ministros do STF.
Objetivos de longo prazo: O poder legislativo como trunfo
A meta de Bolsonaro é transformar o Congresso em seu principal instrumento de poder, com três objetivos:
- Enfraquecer o STF: Eleger senadores alinhados para eventualmente propor mudanças no Judiciário.
- Controlar verbas públicas: Bancadas fortes garantem acesso a fundos eleitorais e partidários.
- Manter relevância: Mesmo sem ser candidato, ele pode ditar os rumos da direita brasileira.
A aposta de Bolsonaro no Legislativo reflete uma adaptação às suas limitações jurídicas e ao cenário político. Seu discurso combina retórica de combate ao STF com um plano concreto para dominar o Congresso, evitando, por enquanto, polarizar a disputa presidencial. No entanto, os julgamentos em curso e a pressão por um nome presidencial podem forçar ajustes nessa estratégia. Enquanto isso, o foco em 2026 revela um cálculo pragmático: no atual sistema político brasileiro, quem controla o Congresso tem poder para definir os rumos do país—com ou sem o Planalto.