Crise fiscal no Brasil: Governo e Congresso em rota de colisão – Quem paga a conta?

Este resumo detalha a crescente tensão fiscal entre o governo Lula (terceiro mandato) e o Congresso Nacional, com base em uma análise de William Waack publicada em 12 de junho de 2025. O embate central gira em torno do controle das despesas públicas e da política fiscal, revelando visões opostas sobre a crise econômica do país e um impasse político sem soluções aparentes.
A perspectiva do Governo sobre a crise fiscal
O governo Lula não enxerga uma crise fiscal estrutural, atribuindo as dificuldades financeiras a heranças do governo anterior e à atuação do Congresso, que, segundo o Executivo, prioriza emendas orçamentárias em detrimento do equilíbrio das contas. A estratégia governamental tem sido o contingenciamento de verbas e o aumento de impostos, como o IOF, justificados pela necessidade de cobrir gastos. No entanto, essas medidas são vistas por diversos setores da sociedade e do próprio Congresso como improvisadas e insuficientes.
Reação do Congresso e o jogo político
O Congresso, por sua vez, resiste às propostas do Executivo, especialmente aos aumentos tributários. Os parlamentares exigem maior participação nas decisões orçamentárias, o que tem levado o governo a ameaçar dificultar a liberação de emendas, intensificando o conflito. O Supremo Tribunal Federal (STF) também emerge como um ator relevante, com potencial para influenciar e complicar ainda mais o cenário institucional.
Falta de soluções estruturais e riscos econômicos
Enquanto o governo adota medidas paliativas, como ajustes pontuais via Medidas Provisórias (MPs), especialistas alertam para a urgência de reformas mais profundas que garantam o equilíbrio sustentável entre receitas e despesas. A XP Investimentos, por exemplo, estima uma economia de apenas R$ 6,8 bilhões
até 2026 com os ajustes atuais — valor considerado irrisório frente ao déficit público. A demora em abordar a raiz do problema pode agravar a desconfiança do mercado, já refletida no aumento das taxas de juros de longo prazo.
Discurso populista e polarização
O governo tenta justificar os aumentos tributários com um discurso de redistribuição de renda ("tomar dos ricos para dar aos pobres")
, mas essa retórica tem encontrado menos ressonância do que o esperado. A disputa com o Congresso transcendeu o tradicional "empurra-empurra" político e se transformou em um impasse agressivo, sem perspectivas claras de resolução.
Um cenário de incerta estabilidade
O cenário atual é de crise política e fiscal, com governo e Congresso priorizando seus próprios interesses em vez de buscarem soluções eficazes para o desequilíbrio das contas públicas. A sociedade e a economia brasileira sofrem com a incerteza e a ausência de um plano fiscal estrutural. A falta de diálogo e a postura inflexível de ambas as partes indicam que o impasse deve persistir, elevando os riscos para a estabilidade econômica do país.