EUA x STF: As sanções contra Alexandre de Moraes e o impacto nos julgamentos de Bolsonaro

Na última quarta-feira (28/05/2025), os Estados Unidos anunciaram restrições de vistos contra autoridades estrangeiras acusadas de censurar cidadãos americanos. Essa medida gerou intenso debate no programa O Grande Debate da CNN. A jornalista Ana Amélia Lemos e o advogado criminalista Guilherme Suguimori analisaram se a ação poderia influenciar os julgamentos do ex-presidente Jair Bolsonaro e os processos relacionados aos eventos de 8 de janeiro. Além disso, o ex-embaixador Rubens Ricupero avaliou as possíveis consequências políticas caso as sanções atinjam autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes.
A conexão entre as sanções e os julgamentos no Brasil
Ana Amélia Lemos destacou uma ligação clara entre as ações dos EUA e o cenário político brasileiro. Ela mencionou o caso de Eduardo Bolsonaro, que pediu licença do mandato para atuar nos Estados Unidos, aproveitando a relação próxima da família Bolsonaro com o ex-presidente Donald Trump. Segundo Lemos, essa movimentação pode ser uma estratégia para pressionar autoridades americanas e levantar dúvidas sobre o processo do 8 de janeiro, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.
A pauta das redes sociais e o alinhamento político
Guilherme Suguimori complementou a análise, sugerindo que, além do interesse nos julgamentos, existe uma agenda comum entre a direita brasileira e americana: a resistência à regulação das redes sociais. Ele argumentou que as sanções podem ser usadas como ferramenta política para fortalecer esse debate, unindo grupos conservadores nos dois países.
O possível impacto no STF e no cenário político
Suguimori, no entanto, acredita que as sanções não devem alterar diretamente as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo contrário: ele sugere que o STF pode reagir com ainda mais firmeza para demonstrar sua independência. Por outro lado, ele avalia que a medida pode inflamar o ambiente político, dando à direita brasileira mais argumentos para contestar os julgamentos por vias legislativas ou midiáticas.
A perspectiva diplomática: Possíveis retaliações?
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O ex-embaixador Rubens Ricupero trouxe a perspectiva diplomática ao debate. Ele afirmou que, se os EUA negarem visto a autoridades brasileiras como Alexandre de Moraes, o governo brasileiro certamente reagirá. Ricupero classificaria tal medida como uma "atitude inamistosa", já que Moraes estaria apenas cumprindo seu papel como juiz, sem intenção de afetar diretamente os EUA.
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Contudo, Ricupero acredita que o Brasil não adotaria medidas extremas, como retaliações recíprocas contra autoridades americanas, pois não é uma prática comum da diplomacia brasileira. Ele também destacou que os EUA estão adotando uma postura "extremista e isolada" no cenário internacional, o que torna imprevisível se de fato aplicarão sanções individuais contra figuras como Moraes.
Um cenário de incertezas e tensões
As sanções dos EUA trouxeram à tona questões complexas sobre soberania, influência internacional e justiça. Enquanto Ana Amélia vê uma tentativa de interferência indireta nos processos brasileiros, Suguimori enxerga mais um capítulo na disputa ideológica global. Já Ricupero alerta para os riscos diplomáticos caso as medidas atinjam autoridades do STF, ainda que acredite em uma resposta moderada do Brasil.
O desfecho ainda é incerto, mas uma coisa é clara: a política externa e interna estão cada vez mais entrelaçadas, e as decisões de um país podem ecoar fortemente no outro.