Seu filho está agressivo ou ansioso? O tempo de tela pode ser a causa – Veja o que dizem os novos estudos

O uso excessivo de telas por crianças tem sido um tema de crescente preocupação entre pais, educadores e especialistas em saúde. Um estudo recente publicado no Psychological Bulletin, da Associação Americana de Psicologia, revelou uma relação significativa entre o tempo de tela e problemas socioemocionais na infância, como ansiedade, depressão, hiperatividade e agressividade. Este resumo detalha os principais achados do estudo, suas implicações e estratégias para um uso mais saudável da tecnologia.
Principais achados do estudo:
Relação entre tempo de tela e problemas comportamentais:
- Crianças com menos de 2 anos apresentaram mais dificuldades quando expostas a qualquer tipo de tela (exceto videochamadas).
- Entre 2 e 5 anos, mais de uma hora diária de tela foi associada a desregulação emocional.
- Crianças acima de 6 anos com mais de duas horas diárias mostraram maior propensão a desafios socioemocionais, especialmente meninas.
Videogames e ciclos viciosos:
- Jogos eletrônicos, principalmente os online, foram identificados como um fator de risco adicional devido à sua natureza imersiva e social.
- Crianças que já enfrentavam dificuldades emocionais tendiam a usar as telas como escape, agravando os problemas a longo prazo.
Diferenças por idade e gênero:
- Crianças entre 6 e 10 anos foram mais afetadas do que as menores de 5 anos.
- Meninas apresentaram mais sintomas internalizados (como ansiedade), enquanto meninos externalizavam comportamentos (como agressividade).
Recomendações para pais e responsáveis:
Evite usar telas como "babá eletrônica":
- Telas para acalmar crianças podem prejudicar o desenvolvimento de habilidades de autorregulação. Incentive atividades offline para lidar com frustrações.
- Observe os sinais de dependência emocional:
- Se a criança busca telas quando está chateada, pode ser um indicativo de necessidade de apoio emocional presencial.
Estabeleça regras claras e use controles parentais:
- Defina limites diários consistentes e utilize ferramentas tecnológicas para filtrar conteúdos inapropriados.
- Priorize aplicativos educativos e remova aqueles que promovem uso excessivo (como redes sociais e streaming).
Cuidado com videogames:
- Monitore o tempo dedicado a jogos online, que podem interferir no sono, desempenho escolar e interações sociais.
Não tenha medo de dizer "não":
- Explique às crianças que decisões são baseadas em evidências científicas, não em comparações com irmãos ou colegas.
- Ofereça alternativas atrativas, como atividades em grupo ou experiências familiares, em vez de recompensas materiais.
O estudo reforça que o uso inadequado de telas pode ser tanto causa quanto consequência de problemas emocionais e comportamentais na infância. Embora a tecnologia faça parte da vida moderna, é crucial equilibrar seu uso com atividades que promovam desenvolvimento saudável. A intervenção ativa dos pais—com limites, diálogo e alternativas criativas—é essencial para evitar ciclos viciosos e garantir o bem-estar das crianças a longo prazo. Como destacado pela autora Roberta Vasconcellos, "o papel dos adultos não é proibir, mas guiar os filhos para uma relação mais saudável com as telas".