Portugal expulsa 34 mil imigrantes: Por que 5 mil brasileiros precisam deixar o país? Entenda a polêmica

Portugal, conhecido por sua histórica abertura à imigração, anunciou em junho de 2025 a expulsão de 33.983 estrangeiros
cujos pedidos de residência foram rejeitados. Entre eles, estão 5.368 brasileiros
, que agora têm 20 dias para deixar o país voluntariamente antes de enfrentarem medidas coercivas. Essa decisão reflete uma mudança significativa na política migratória do país, impulsionada pelo governo de centro-direita da Aliança Democrática (AD), liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro.
O contexto da medida:
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Acúmulo de processos: A Agência para Integração, Migrações e Asilo (Aima) herdou cerca de 446 mil pedidos de residência baseados no antigo sistema de "manifestação de interesse", extinto em junho de 2024. Esse mecanismo permitia que estrangeiros solicitassem residência sem contrato de trabalho prévio.
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Operação sem precedentes: O governo montou uma força-tarefa com 1,4 mil funcionários para analisar os pedidos pendentes. Até agora, 184 mil processos foram avaliados, resultando em 150 mil aprovações e 34 mil rejeições.
Os dados sobre os imigrantes:
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Brasileiros no topo: Dos 73 mil pedidos de brasileiros analisados, 68 mil foram aprovados (taxa de rejeição de 7,3%). Apesar da alta aprovação, os 5.368 reprovados representam o segundo maior grupo afetado, atrás apenas dos indianos (13 mil rejeições, 46,6% do total).
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Crescimento da comunidade brasileira: Entre 2020 e 2023, o número de brasileiros em Portugal saltou 85%, chegando a 513 mil — o que faz do país o segundo maior destino da diáspora brasileira, atrás apenas dos EUA.
As razões para a mudança política:
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Pressão populacional: Portugal vive um boom migratório, com 1,5 milhão de estrangeiros (14% da população), o triplo de uma década atrás. Isso gerou tensões em serviços públicos, como escolas e saúde, e alimentou discursos anti-imigração.
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Viés cultural: O ministro Antonio Leitão Amaro destacou que a imigração recente difere dos fluxos tradicionais (como os de países lusófonos), envolvendo culturas e idiomas distintos, o que amplia desafios de integração.
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Agenda política: A Aliança Democrática, no poder desde 2024, prometeu "fechar as portas" do modelo anterior, vinculando residência a contratos de trabalho para evitar "imigração descontrolada".
A expulsão de milhares de imigrantes em Portugal é um marco na redefinição das políticas migratórias do país, equilibrando demandas econômicas (como a necessidade de mão de obra) e pressões sociais (xenofobia e saturação de serviços). Para os brasileiros, a medida afeta principalmente quem não se enquadrou nas novas regras, mas a maioria ainda encontra oportunidades no país. O caso reflete um cenário europeu mais amplo, onde nações como Itália e Alemanha também adotam posturas restritivas. Enquanto isso, o desafio português será conciliar controle migratório com a atração de talentos — essenciais para sua economia envelhecida.