Por que Lula está menos ativo no governo? Análise revela crise de liderança, feudos ministeriais e impactos na gestão

A análise do cientista político Rafael Cortez, professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em entrevista ao programa WW Especial, aponta para uma gestão menos ativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), impactando a dinâmica interna do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios, e gerando desafios na distribuição de poder e na coordenação entre as pastas.
Menor atividade de Lula na gestão governamental
Cortez observa que Lula tem se envolvido menos em questões domésticas e evitado assumir a frente de decisões controversas, adotando uma postura menos ativa na gestão do próprio mandato e expondo-se menos para coordenar respostas. Essa postura contrasta com a imagem de liderança mais direta associada ao presidente em mandatos anteriores.
O problema dos "Feudos" e a falta de coordenação
A ausência de uma liderança centralizada tem agravado o que o analista chama de "problema dos feudos":
- Distribuição de poder: Sem uma hierarquia clara, ministros disputam influência, gerando atritos.
- Casos emblemáticos: O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é citado como exemplo de desorganização, com falhas na gestão de políticas públicas.
- Impacto na eficiência: A falta de alinhamento dificulta respostas rápidas a crises e a implementação de agendas prioritárias.
Reforma ministerial e o equilíbrio político
Cortez analisa as trocas no primeiro escalão, destacando dois pontos:
1.
Mudanças dentro da esquerda: Parte significativa das alterações ocorreu no espectro da esquerda, como nas pastas da Secretaria de Relações Institucionais e do Ministério da Saúde (que gerencia um orçamento vultoso, incluindo emendas parlamentares).
2.
Tentativa de ampliação para o centro-direita: Apesar dos esforços para incluir aliados de centro-direita, o núcleo duro do governo segue próximo ao campo político tradicional de Lula.
Desafios internos e externos
Além das tensões internas, o governo enfrenta obstáculos externos:
- Relação com o Congresso: A polarização política dificulta negociações, especialmente em pautas sensíveis.
- Pressões por investigações: Exemplos como a proposta de CPI do INSS (mencionada pela CNN) mostram a vulnerabilidade do governo a crises políticas.
Um governo em busca de coordenação
A análise de Rafael Cortez revela um governo fragilizado pela falta de protagonismo presidencial e pela disputa de poder entre ministérios. Enquanto Lula adota um perfil menos intervencionista, os "feudos" internos e a complexidade da base aliada comprometem a eficácia administrativa. Para avançar em sua agenda, o presidente precisará reequilibrar sua liderança, definindo prioridades e mediando conflitos dentro da Esplanada. O cenário atual reforça a importância de uma gestão mais integrada, especialmente diante de desafios como as reformas estruturais e a pressão por transparência em casos como o do INSS