EUA x STF: O que é a "Lei Magnitsky" e por que querem sancionar Alexandre de Moraes?

A Lei Global Magnitsky, uma ferramenta de política externa dos Estados Unidos, voltou ao centro das atenções após o secretário de Estado Marco Rubio afirmar que o governo americano avalia aplicar sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A legislação, criada para punir violações de direitos humanos e corrupção, pode ter impactos significativos caso seja efetivada. Este resumo detalha os principais pontos do debate, o contexto político e os possíveis desdobramentos.
O que é a Lei Global Magnitsky?
Criada em 2012 durante o governo Obama, a lei surgiu inicialmente para punir autoridades russas envolvidas na morte do advogado Sergei Magnitsky, que denunciou corrupção estatal e morreu sob custódia. Em 2016, uma emenda ampliou seu alcance, permitindo sanções contra qualquer indivíduo ou entidade acusada de:
- Graves violações de direitos humanos (como tortura, execuções extrajudiciais e prisões arbitrárias).
- Corrupção sistêmica.
- Perseguição a jornalistas, ativistas ou opositores políticos.
As sanções incluem congelamento de bens nos EUA, proibição de entrada no país e restrições financeiras. A aplicação não exige processo judicial, bastando decisão administrativa baseada em relatórios de organizações internacionais ou da imprensa.
Por que Marco Rubio mencionou sanções contra Alexandre de Moraes?
Durante audiência no Congresso americano em 21 de maio de 2025, Rubio respondeu ao deputado republicano Cory Mills, que alegou um "declínio dos direitos humanos no Brasil", citando:
- "Censura generalizada" (como bloqueios a redes sociais ordenados pelo STF).
- **"Perseguição política" **contra opositores, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A fala de Rubio reflete alinhamento com setores bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro, que vive nos EUA e tem lobby ativo entre republicanos para pressionar por sanções.
Contexto político e internacionalização do conflito
A ameaça de sanções não é isolada. Integra uma estratégia de bolsonaristas e aliados americanos para:
- Deslegitimar o STF: Acusando-o de abuso de poder, especialmente após decisões como o bloqueio temporário do X (Twitter) em 2024.
- Pressão geopolítica: Parlamentares republicanos propuseram até a "Lei Sem Censores em Nossas Fronteiras", que barraria autoridades estrangeiras acusadas de restringir liberdade de expressão.
- Apoio a Bolsonaro: Em fevereiro de 2025, empresas ligadas a Donald Trump processaram Moraes por decisões contra plataformas como a Rumble, acusando-o de censura.
Efeitos práticos das sanções (se aplicadas)
- Para Moraes: Congelamento de bens nos EUA, veto à entrada no país e possível restrição a transações financeiras internacionais (dependendo da adesão de outros países).
- Para as relações EUA-Brasil: Tensão diplomática, especialmente se o Itamaraty interpretar as sanções como ingerência. Até agora, o governo brasileiro não se manifestou oficialmente.
Críticas e controvérsias
- Falta de provas: Rubio e Mills não apresentaram evidências concretas de violações de direitos humanos por Moraes.
- Politização da lei: Especialistas alertam que o uso seletivo da Magnitsky para fins ideológicos pode minar sua credibilidade.
- Impacto simbólico: Mesmo sem efeitos práticos imediatos, a medida alimenta narrativas de "perseguição" no Brasil e nos EUA.
Um capítulo na guerra política transnacional
A ameaça de sanções contra Alexandre de Moraes ilustra como disputas domésticas brasileiras estão sendo internacionalizadas, com atores americanos instrumentalizando a Lei Magnitsky para fins políticos. Se concretizada, a medida teria mais peso simbólico do que prático, mas acirraria polarizações e testaria os limites da soberania judicial. Enquanto isso, o caso reforça a complexidade do diálogo entre direitos humanos, liberdade de expressão e realpolitik no cenário global.